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Carne do Brasil mais perto da China

Atualmente, as exportações de carnes para o país se concentram em miúdos de bovinos e a maior parte do volume vai para o mercado chinês via Hong Kong.

Redação (02/06/2008)- A notícia vem na hora certa. O ano de 2008 é extremamente favorável para abrir mercado já que se espera, pela primeira vez, que a produção chinesa não atenda o seu mercado consumidor. As autorizações foram concedidas a uma unidade do Grupo Marfrig, em Promissão; outra do Minerva S.A., em Barretos; e, para uma unidade do Grupo Bertin, em Lins. "Recebemos a informação quando estivemos em março em Pequim, durante missão oficial para discutir questões envolvendo abertura de mercados para suínos, bovinos e aves", disse Célio Porto, secretário de relações internacionais do agronegócio, do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (Mapa), em entrevista recente ao DCI.

A habilitação foi publicada no diário oficial chinês no último 14 de março e o comunicado oficial, no Brasil, data de 17 de março deste ano, conforme informações da Secretaria do Mapa. O documento oficial foi concedido pela Administração Geral de Superintendência de Qualidade, Inspeção e Quarentena da República Popular da China.

Até antes das três autorizações concedidas, havia apenas um frigorífico brasileiro autorizado a comercializar diretamente carne bovina in natura para a China, o frigorífico Mercosul, localizado no Rio Grande do Sul.

Segundo Paul Liu, presidente da Câmara de Comércio Brasil-China de Desenvolvimento Econômico, o maior número de fornecedores trabalhando o mercado chinês permitirá a entrada de cortes ainda não consumidos no país, como os nobres.

O potencial é grande para a exportação de patinho, paleta, coxão mole (in natura ou refrigerados) e cortes de dianteiro – que podem ser vendidos nos mercados municipais e supermercados. No caso dos cortes nobres, a demanda a ser atendida virá das churrascarias e restaurantes ocidentais presentes nas grandes cidades chinesas, informa o presidente da câmara. Há potencial para atender indústrias processadoras também.

Atualmente, as exportações de carnes para o país se concentram em miúdos de bovinos e a maior parte do volume vai para o mercado chinês via Hong Kong, praça onde a política comercial é distinta em comparação à da China.

Licenças

A notícia é excelente e os resultados deverão vir a médio prazo.

A médio prazo porque o momento atual não é tão favorável para o comércio com aquele país, já que a China não paga tão bem pela carne e o produto está valorizado pela baixa oferta mundial.

Segundo Ronald Aitken, superintendente de relações com investidores do Minerva, o impacto no curto prazo afetará os preços. "Mais um mercado demandante leva à pressão altista", diz.

O executivo acrescenta, ainda, que a companhia não recebeu comunicado oficial sobre a autorização concedida pelo governo chinês. "Hoje não exportamos diretamente para a China", afirmou. "Mas quando esse mercado reabrir, as possibilidades de exportação imediata existem".

Ari Crespim, diretor substituto do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa, diz que a informação foi disponibilizada por meio do Sistema de Informação Gerenciada do SIF (SIG/SIF). As empresas não recebem os comunicados via Internet, só por malote, encaminhado para as superintendências estaduais do ministério.

"Os boletins disponíveis na Internet devem ser acessados, não são enviados", informa Crespim. Segundo ele, os frigoríficos Marfrig e Bertin têm conseguido obter licenças de exportação após a habilitação concedida.

É importante ressaltar que os frigoríficos também precisam obter licenças de exportação além de serem classificados como aptos, e o governo chinês nem sempre facilita esse trâmite, segundo fontes do próprio governo brasileiro.