Redação (04/06/2008)- Receosas com a possibilidade de volatilidade ainda maior para a soja neste ano, as tradings estão mais cautelosas na fixação de contratos de compra antecipada da safra 2008/09. Estimativa da consultoria Agrosecurity aponta para uma comercialização até agora de cerca de 15% da safra de Mato Grosso, maior produtor de soja do País e estado que, em todos os anos, está na dianteira da venda de "safra verde". "Na mesma época do ano passado, esse percentual estava entre 35% e 40%", compara Fernando Pimentel, diretor da Agrosecurity.
No ano passado, as fortes oscilações no preço da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) trouxeram um sério problema para as tradings, sobretudo para as de menor porte: a necessidade de envio de grandes quantias de capital para ajuste de preço na bolsa americana. Fontes do mercado calculam que, nos momentos de maior alta da cotação da soja na CBOT – quando chegou a bater US$ 15 o bushel -, o volume de recursos de ajuste teria ficado próximo de US$ 6,3 bilhões, o equivalente a 60% da safra 2007/08 (35 milhões de toneladas) que teriam sido fixadas em patamares entre US$ 8 e US$ 9 o bushel.
O executivo de uma comercializadora de soja que preferiu não se identificar confirma que as tradings estão mais cautelosas que no ano passado. "Os negócios antecipados estão sendo feitos, até este momento, só com os clientes com os quais se tem uma relação de maior confiança. Também se espalhou muitos boatos de não cumprimento da entrega pelos produtores, o que causou temor entre as empresas", diz o trader.
O diretor-executivo da Aprosoja, Marcelo Monteiro, afirma que os produtores estão, de fato, com dificuldades de obter acesso aos contratos nas tradings para entrega no ano que vem. "Estamos com 15% negociado até agora, ante os 35% do mesmo período de 2007", acrescenta. O produtor de Diamantino (MT), Mário Guardado Rodrigues, afirma que não conseguiu fixar nenhuma saca de soja até o momento, quando, em junho do ano passado, já estava com 40% negociado. "Está todo mundo apavorado com essa alta dos fertilizantes, e sem recursos ou insumos disponíveis, até o momento", afirma.
Eduardo Godoi, analista da AgRural acredita que o pouco negociado até agora é de troca futura com insumos. "Poucas empresas deram abertura para fixação".