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Restrita por lei, soja ''safrinha'' resiste no Paraná

Mesmo com a apertada janela de cultivo, muitos produtores quiseram arriscar. O preço da soja explica em grande parte essa aposta.

Redação (10/06/2008)- O cultivo de soja "safrinha", tradicional no Paraná, ganha na safra 2007/08 um tom mais forte de aposta de risco. Os produtores do Estado aceleram o trabalho para concluir a colheita da cultura – que é plantada após a safra de verão – até o fim desta semana. A razão é que o Paraná adotou neste ano o vazio sanitário, ferramenta já usada em outros Estados e que visa ao controle da doença conhecida com ferrugem asiática. Com o vazio, fica proibido o cultivo durante 90 dias. No Paraná, esse prazo começa em 15 de junho.

Mesmo com a apertada janela de cultivo, muitos produtores quiseram arriscar. O preço da soja explica em grande parte essa aposta. O preço médio da saca de 60 quilos no mercado paranaense em maio, por exemplo, foi de R$ 44,70, segundo o índice Cepea/Esalq, montante 49% superior que a média de maio de 2007, que foi de R$ 30.

Na safra 2006/07, a área dedicada à soja "safrinha" no Paraná foi de 79,4 mil hectares. Caiu 35% na atual temporada, para 51,7 mil hectares, mas o número é considerado significativo para uma atividade que se imaginava totalmente inviável em virtude do vazio sanitário. "É uma questão de mercado. A soja tem liquidez, e o preço ainda está atrativo", diz Margorete Demarchi, técnica do Departamento de Economia Rural (Deral).

Com a esperada redução de área, estima-se produção de 96 mil toneladas, volume 24% inferior ao desempenho da safrinha de 2006/07. A produtividade, em contrapartida, deve crescer de 1,59 tonelada por hectare para 1,85 tonelada por hectare. Cerca de 10% da soja safrinha paranaense já foi colhida, segundo o Deral. Das plantas ainda no campo, 85% estavam em fase de maturação até a última semana.

Maria Celeste Marcondes, responsável pela área de sanidade de grandes culturas da Secretaria de Agricultura do Paraná, afirma que têm crescido as vendas de herbicidas nas áreas de plantio da soja "safrinha" para uso no dessecamento, medida que acelera o alcance do ponto de colheita.

"Quem mantiver soja no campo vai ser autuado e depois o departamento jurídico decide o que fazer", diz ela. As punições irão de advertências a interdição de propriedade e vedação de crédito.

Tocantins também mantém apostas na soja "safrinha". O Estado tem área similar à da safra anterior, de 18,9 mil hectares. "Em Tocantins, a soja safrinha é basicamente para a produção de sementes e em área inicialmente ocupada pelo arroz", diz Eledon Oliveira, técnico da Conab.

Em outros Estados, a presença de soja "safrinha", se existe, não tem relevância estatística, segundo Flávio França Júnior, analista da Safras & Mercado. Com o preço da soja ainda atrativo, muitos produtores ignoraram a rotação de cultura e plantaram soja "safrinha" onde antes estava a soja de verão. "Não é recomendável, mas o pessoal arrisca", diz.