Redação (10/06/2008)- O governo argentino anunciou na segunda-feira que destinará parte da arrecadação do polêmico imposto sobre a exportação de soja para financiar obras de infra-estrutura.
O governo pretende reservar para as obras todo o montante que superar a alíquota de 35 por cento nesse imposto progressivo, que gerou protestos e uma paralisação dos produtores rurais.
Em discurso na Casa Rosada, a presidente Cristina Kirchner criticou os ruralistas por, segundo ela, dificultarem a distribuição de renda num momento de preço recorde dos grãos.
Com tom calmo, sob aplausos, ela disse que a classe rural "se nega a contribuir na redistribuição do faturamento para os que têm menos". O conflito dos produtores com o governo já dura 90 dias.
O decreto que estabelece o fundo diz que este "terá por finalidade o financiamento da construção, ampliação, remodelação e equipamento de hospitais públicos e centros de atendimento primário da saúde […], a construção de moradias populares em âmbitos urbanos ou rurais, e a construção, reparação, melhora e manutenção de estradas rurais".
Cristina disse que o plano prevê a construção de pelo menos 30 hospitais e 300 postos de saúde.
"Os mais vulneráveis são os que menos têm, os mais pobres, porque são os que destinam a maior parte dos seus salários à comida e porque são os que não têm estratégicas defensivas diante do aumento dos preços", afirmou a presidente.
"Essa soberania alimentar, sem afetar a rentabilidade dos setores produtivos, é algo em que estamos trabalhando e que estamos fazendo todos os dias."