Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Sistema integrado de frango cresce 50% em oito anos

Rentabilidade alcançada pelo frango de corte, hoje pode chegar ao dobro da obtida com plantio da soja, uma das culturas mais lucrativas ao produtor rural.

Redação (11/06/2008)- De acordo com dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná (SEAB), cada vez mais produtores rurais estão se dedicando à produção de frango de forma integrada no estado. Em agosto do ano 2000 havia 5810 aviários cadastrados pela SEAB no Paraná; hoje eles somam 11.465, o que representa um aumento de 50,6% em apenas oito anos. As granjas dobraram em menos de uma década, impulsionadas pelo boom da avicultura.

A atividade avícola no Paraná vem utilizando a produção integrada de frango de corte como um dos pilares para o seu crescimento. Por meio desse processo, o produtor rural cria o frango, com subsídio das indústrias avícolas, e tem o compromisso de vender a sua produção à empresa, para o processo de industrialização do frango. Só na região de Maringá são 525 aviários em funcionamento. Mas o crescimento do setor avícola não se resume aos produtores integrados. Ele é verificado tanto na produção, quanto na exportação de carne de frango. Em 2007 o estado do Paraná exportou 23% a mais do que em 2004. No que se refere a produção, os números estaduais cresceram 19% no mesmo período.

O sucesso se explica pelo fato de que investir na construção de um aviário é, atualmente, um negócio bem mais lucrativo para o produtor do que plantar grãos. Comparada à cultura da soja, que já é um bom negócio, o frango de corte tem se revelado um investimento melhor ainda. Para uma plantação de soja ser rentável é necessário utilizar uma área mínima de 100 alqueires, ao custo médio de R$ 25 mil por alqueire, totalizando R$ 2,250 milhões de investimento. Já para a construção do aviário, são necessários em média apenas 10 alqueires, ao custo de R$ 250 mil, que somados ao preço da obra, totalizam R$ 450 mil de investimento. Isto representa 20% do capital exigido na plantação de soja. Por outro lado, o lucro para quem investe em soja é de R$ 94 mil líquidos por ano, enquanto para quem aposta no frango o valor chega a R$ 36 mil. Ou seja, o frango passa a ser um bom negócio, porque investindo em avicultura o produtor alcança um retorno que pode chegar ao dobro do obtido com soja.

            O pequeno produtor José Adair Zunarelli é um exemplo bem sucedido desta fórmula de parcerias. Ele já está construindo a segunda granja com a empresa, no município de São Tomé, distante 80 km de Maringá. Na primeira, tem 25 mil frangos alojados e agora a meta é aumentar o número de animais: serão 35 mil no novo galpão. “Eu não posso reclamar de nada, comecei neste ramo há oito anos e a parceria é rentável, tanto é que estou construindo outra granja. A avicultura deu outra cara para minha propriedade, foi uma ótima aposta”, conta Zunarelli. O novo empreendimento está em fase adiantada de construção, e deve ficar pronto dentro de 40 dias.

            Vanderlei Bidurin está a menos tempo no ramo da avicultura, apesar de já ter trabalhado no setor em outras cidades. Morando agora em São Jorge do Ivaí, a 40 km de Maringá, ele finalizou a construção do primeiro barracão em dezembro último. São 35 mil aves alojadas. “Com o rendimento do aviário, eu não tenho como não ficar satisfeito com a parceria”, constata Bidurin. Em aviários deste porte, a renda média mensal bruta do avicultor deve se aproximar de R$ 4,5 mil mensais, já que para cada ave criada, o produtor recebe R$ 0,30. Considerando que a remuneração pode oscilar para mais ou menos, de acordo com a tabela que premia a eficiência em indicadores de mortalidade, conversão alimentar e ganho de peso diário (Fator de Eficiência de Produção – FEP).

Como funciona

No sistema de produção de forma integrada as empresas entregam os pintainhos (pintinhos de um dia), a ração para alimentá-los, dão assistência técnica e acompanhamento veterinário, enquanto os produtores ficam encarregados de criar os animais em local adequado, coberto e aquecido, com mão-de-obra e os equipamentos avícolas necessários. No final do processo, todos os resíduos deixados pelos frangos ficam em posse dos produtores, que podem transformar o material em adubo e reinvestir em outras culturas, representando receita extra para a propriedade.

            Ao optar pela avicultura, Bidurin e Zunarelli foram beneficiados pelo CONVIR (Convênio de Integração Simplificado), programa de financiamento da empresa maringaense Frangos Canção, junto ao Banco do Brasil, que favorece o pequeno proprietário de barracões para criação de frango. Os recursos, de aproximadamente 16 milhões de reais, começaram a ser disponibilizados no ano passado, para investimentos nos municípios interessados da região Noroeste. A vantagem para o produtor é que as garantias exigidas pelo banco são menores e parte delas é dada pela empresa. Assim, todo o processo de viabilização e aprovação do financiamento é mais rápido e o projeto sai do papel.

            Para os pequenos produtores, as vantagens básicas de investir na avicultura estão na valorização de suas propriedades, no incremento da receita das mesmas e na possibilidade de utilizar os resíduos da atividade (adubo) em culturas de milho, soja, cana, reflorestamento e fruticultura. Assim, aumentam o nível de vida e também a receita familiar destes agricultores. “Com o CONVIR a empresa ajuda os produtores na obtenção dos documentos, por meio de um projeto de custeio desenvolvido por profissionais”, afirma o gerente agroindustrial do Grupo Canção, Valmor Ceratto.

            O CONVIR é oferecido pelo BB, seguindo as regras do Prodeagro (Programa de Desenvolvimento do Agronegócio), com recursos do BNDES e Pronaf, e o limite de crédito é de R$ 200 mil por pessoa (CPF). Entretanto, o setor avícola tem se mobilizado para ampliar este limite em função do crescimento dos custos vivido pelo setor. De acordo com o gerente da agência empresarial Noroeste do Paraná do Banco do Brasil, Milton Laforga, o investimento deve ser pago em até oito anos, com juros fixos de 6,75% ao ano, e prazo de carência de dois anos. "Hoje, uma propriedade de um alqueire, com um aviário de 35 mil cabeças, vai dar retorno semelhante a uma área de 90 alqueires plantada de milho ou soja, com a vantagem de necessitar de um capital imobilizado em terras muito menor", compara Ciliomar Tortola, diretor industrial da Frangos Canção.

            Já para os municípios, os benefícios também são verificados, principalmente no aumento da receita agropecuária. “Cada mil aves alojadas na cidade correspondem a uma receita anual de três alqueires de terra, algo em torno de R$ 66 mil”, acrescenta Ceratto. No que se refere ao desenvolvimento econômico, ele diz que esta é a grande vantagem do investimento. Outro fator de destaque é a rentabilidade que a área agropecuária oferece a pequeno prazo, pois a performance municipal, em termos de retorno, melhora significativamente. Além disso, há maior geração de empregos e, consequentemente, de renda e receita. E também se combate o êxodo rural, pois os trabalhadores mantêm-se no campo, sem ter de migrar para a cidade.