Redação (25/06/2008)- Os alimentos mais uma vez ocuparão as manchetes como principal motivo para a alta da inflação. Agora, a vítima foi o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), que deve ter registrado em junho a maior taxa do ano, segundo pesquisa.
Mas também há notícias boas. O IPCA fechado do mês já deve vir em patamar mais baixo, encerrando um semestre de fortes taxas que não se repetirão na segunda metade do ano, uma vez que espera-se que o grupo alimentação se mostre mais ameno. A mediana das estimativas de 30 instituições financeiras apontou uma taxa de 0,78% para o IPCA-15 de junho, comparada ao avanço de 0,56% do índice em maio e próxima da variação positiva de 0,79%.
Os prognósticos oscilaram de 0,72 a 0,82%, resultando em uma média de 0,79% de alta. "Vemos mais pressão dos alimentos. O resultado de Alimentação deve acelerar em relação ao IPCA-15 de maio, porque agora o índice pega também as altas das carnes, que têm um peso grande", disse Marcela Prada, economista da Tendências Consultoria.
As carnes estão enfrentando, sobretudo, um problema de falta de matrizes, já que em anos recentes, quando a atividade da pecuária não estava oferecendo muitos rendimentos, os criadores optaram por abater os bovinos.
A falta de matrizes gera uma alta também nas carnes de frango e suínos, já que aumenta a demanda por tais produtos. "O que melhora no índice é que sai um pouco da pressão dos remédios e dos serviços bancários, que haviam sido reajustados", acrescentou a economista.
Junho
Marcela acredita que os preços irão desacelerar nas duas últimas semanas de junho, fazendo com que o IPCA "cheio" feche o mês com uma alta em torno de 0,60%. A pressão das carnes continua – e se acentua entre o fim do terceiro trimestre e o começo do quarto em razão do período de entressafra do produto – e surge também a do feijão – que costuma ocorrer nessa época do ano.
Mas outros alimentos que vinham com fortes elevações em razão de componentes cotados no exterior – como o pão francês, devido ao trigo – diminuem a alta, já que acredita-se que os preços internacionais das commodities devem gerar algum alívio, depois das taxas significativas, e em muitos casos recordes, registradas recentemente. "Vejo os IPCs desacelerando à frente, mais fortemente a partir de agosto e setembro", afirmou Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimento. "Acho também que podemos ter um arrefecimento da atividade que inibirá aumentos de preços", completa o economista.
A própria inflação mais alta do primeiro semestre impacta negativamente a demanda, mas o mercado já vinha trabalhando com um cenário de atividade econômica menor como um todo devido à taxa muito forte de crescimento atingida em 2007. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o IPCA-15 de junho amanhã, a partir das 9h.