O presidente da COP26, Alok Sharma, disse que a crise energética intensificada pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia deve impulsionar a implementação de energias limpas.
Sharma esteve na 2ª feira (28.mar.2022) em São Paulo, onde participou de evento da Gfanz, nome da Aliança de Glasgow pela Descarbonização dos Serviços Financeiros. Na saída, disse a repórteres que os países entenderam que, se quiserem “ter segurança energética doméstica”, devem estar em posição de controlar os preços.
“Então o jeito de agir é com energias renováveis locais”, declarou. “Eu acho que o que veremos é aceleração de energia limpa, que é um elemento-chave para se chegar à neutralidade de emissões em qualquer economia.”
Parcela significativa da produção mundial gás natural e petróleo vem da Rússia. Como parte das sanções impostas ao Kremlin, os Estados Unidos anunciaram, em 8 de março, a proibição da importação dos insumos do país.
A Europa não pôde fazer o mesmo. O continente tem forte dependência do petróleo e gás russos. A Comissão Europeia, braço executivo da UE (União Europeia), lançou em 8 de março um plano para ser independente dos combustíveis fosseis da Rússia até 2030 e acelerar a transição para a energia renovável.
Com a guerra, os preços das commodities subiram e diversos países europeus realizaram protestos pela alta de energia, diesel e gasolina. Para amenizar a situação, governos estão cortando impostos e criando subsídios.
À curto prazo, há a possibilidade de a Europa aumentar o uso do carvão, mais poluente que o gás natural, para compensar a redução da importação russa.
Segundo Sharma, o ideal é manter as metas climáticas estabelecidas na COP26, em novembro de 2021: manter o aumento da temperatura média global em 1,5ºC e alcançar a neutralidade carbônica em 2050.
BRASIL
Em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada em 21 de março, Ricardo Mourinho Félix, vice-presidente do BEI (Banco Europeu de Investimento), disse que o Brasil pode ter um papel relevante na transição energética mundial, em especial com o hidrogênio verde.
“No prazo mais curto, o Brasil e a América Latina são áreas econômicas para as quais a Europa tem olhado pouco”, declarou. “Eu acho que essa guerra, se há algo que ela nos mostra, é que temos que diversificar nossas fontes de abastecimento.”
Félix disse que os países devem acelerar a transição energética e, neste contexto, “existe uma oportunidade também para o Brasil se integrar mais nas cadeias de produção globais”. Segundo ele, o país “pode ser um ‘player’ importante no hidrogênio verde, pode exportar”.
O vice-presidente do BEI falou ainda da capacidade brasileira de extrair petróleo, que vai “continuar sendo utilizado ao longo dos próximos anos”.