A desvalorização dos grãos, especialmente da soja, e a redução na produção da safra 2023/24 estão impactando significativamente o mercado de arrendamento de terras agrícolas no Brasil. O preço médio de arrendamento de terras, que em dezembro de 2023 era de R$ 1.939 por hectare, registrou uma queda de 13,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Nas áreas destinadas a grãos, como soja e milho, a redução foi ainda mais acentuada, atingindo 26,1% em dezembro, com o valor do arrendamento estimado em R$ 1.814,00 por hectare.
O método predominante de arrendamento no Brasil envolve uma quantidade fixa da produção como referência para o valor do “aluguel” da terra, sendo que esta queda nos preços ocorre após um período de notável aumento nos últimos três anos. A desvalorização é reflexo da baixa nos preços das commodities agrícolas, o que impacta negativamente os valores dos arrendamentos em termos reais. Esse cenário tem levado à não renovação de contratos e à devolução de áreas arrendadas.
Na outra ponta, os arrendatários, enfrentando baixa remuneração devido à menor colheita, já estão buscando alternativas para preservar parte de sua rentabilidade. Entre as medidas adotadas estão tentativas de renegociação de contratos ou concessões por parte dos proprietários de terras. A quebra na safra afetou a rentabilidade dos produtores que arrendam terras, resultando em pedidos de “alívio” nos pagamentos ou redução na quantidade de grãos a serem pagos.
Essa dificuldade na rentabilidade, aliada aos fatores climáticos adversos, pode reduzir o interesse por novos arrendamentos. Produtores enfrentam o risco de descapitalização devido à baixa nos preços dos grãos, agravando ainda mais a situação. Estima-se que existam 30 milhões de hectares arrendados no Brasil, representando 8,6% da área total dos estabelecimentos agropecuários no país.