A primavera chegou ao Brasil, substituindo um inverno marcado por seca severa e incêndios que devastaram áreas agrícolas e florestas nativas. Apesar de ser uma estação tradicionalmente mais colorida, o clima seco e as temperaturas elevadas continuam a preocupar os produtores rurais. De acordo com a Climatempo, é difícil prever com exatidão o comportamento climático da estação, mas há indicativos de que os dias quentes e sem chuvas podem persistir, impactando diretamente o andamento das atividades no campo.
Soja: Plantio atrasado e preocupações no Paraná
No setor agrícola, os produtores de soja foram obrigados a atrasar o plantio devido à escassez de chuvas, especialmente após o término do vazio sanitário. No Paraná, algumas cidades, como Toledo, iniciaram a semeadura mesmo diante da estiagem. A expectativa é que o Estado plante 5,8 milhões de hectares de soja, a maior área já registrada. Entretanto, a falta de chuva pode comprometer a produtividade e a qualidade da colheita.
Café e cana-de-açúcar: Impacto das mudanças climáticas
Os cafeicultores de Minas Gerais e São Paulo também estão enfrentando dificuldades. A antecipação da primeira floração durante o inverno, impulsionada por condições climáticas atípicas, pode prejudicar o desenvolvimento dos grãos. Vanessa Moreno, produtora em Ibiraci (MG), relatou à Globo Rural que o fogo atingiu sua lavoura de café, forçando a substituição das plantas. Para a cana-de-açúcar, os incêndios recentes em São Paulo geraram prejuízos de mais de R$ 1,2 bilhão, agravando a situação do setor.
Regiões enfrentam climas extremos
A distribuição das chuvas na primavera será irregular. No Norte, o “verão amazônico” mantém as temperaturas elevadas até novembro, afetando o transporte fluvial e o escoamento de produtos nos portos do Arco Norte, que sofrem com o baixo nível dos rios. Já no Nordeste, o fenômeno “B-R-O-BRÓ” intensifica a seca e as temperaturas, trazendo desafios para os criadores de gado e produtores de frutas.
Por outro lado, no Centro-Sul, as chuvas devem retornar gradualmente, ajudando a estabilizar as temperaturas, principalmente em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No entanto, o Rio Grande do Sul segue em alerta para a seca prolongada, causada pelas condições desfavoráveis do Oceano Pacífico.
Expectativas para o retorno das chuvas
Embora a primavera seja associada ao retorno das chuvas no Brasil, as previsões indicam que essa recuperação será desigual. As regiões Norte, Nordeste e parte do Centro-Oeste devem continuar com precipitações abaixo da média histórica. Em contraste, o Sudeste e o Centro-Oeste central poderão contar com chuvas mais frequentes a partir de outubro, o que pode aliviar a seca que afeta as plantações.
A Climatempo também aponta a possível formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) em dezembro, que, se confirmada, poderá trazer chuvas intensas e persistentes, ajudando a reverter o quadro de seca em várias regiões.
Previsões regionais para a semana
- Sul: A semana começa com pancadas de chuva intensa, especialmente no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com risco de temporais em algumas áreas.
- Sudeste: São Paulo enfrenta chuvas irregulares, enquanto o Rio de Janeiro e Minas Gerais têm dias quentes e firmes.
- Centro-Oeste: Chuvas atingem o noroeste de Mato Grosso e partes de Mato Grosso do Sul, enquanto Goiás e o Distrito Federal permanecem sem chuvas.
- Nordeste: A maior parte da região começa a semana seca, com ventanias registradas entre Piauí e Ceará.
- Norte: Chuva forte é prevista para o Amazonas, enquanto Acre e Rondônia devem enfrentar pancadas com calor intenso.
A primavera promete ser um período de incertezas climáticas, exigindo atenção redobrada do agronegócio brasileiro para mitigar os impactos nas lavouras e na produção agropecuária.