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Cade aprova compra de ativos da Marfrig pela Minerva com restrições

Cade aprova compra de ativos da Marfrig pela Minerva com restrições

O Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira (25/9) a aquisição de parte do negócio de carnes bovina e ovina da Marfrig pela Minerva, impondo algumas restrições. A transação, avaliada em R$ 7,5 bilhões, envolve a venda de 16 plantas da Marfrig na América do Sul, sendo 11 no Brasil. No entanto, o Cade exigiu a alienação de uma unidade produtiva em Pirenópolis (GO) para mitigar impactos concorrenciais, especialmente no estado de Goiás.

Segundo o conselheiro-relator do Cade, Carlos Jacques, não foi possível chegar a um acordo com as empresas, resultando em soluções unilaterais impostas pelo tribunal. A Minerva terá até 12 meses para vender a planta em Pirenópolis, que está desativada desde 2010, ou leiloá-la caso não apareçam compradores. Além disso, o Cade revogou uma cláusula que impedia a Marfrig de expandir sua planta em Várzea Grande (MT).

Impacto financeiro e redução de dívidas

Com a aprovação, a Marfrig deve receber cerca de R$ 5,7 bilhões, valor que será destinado à redução da sua alavancagem financeira. O vice-presidente de Finanças da Marfrig, Tang David, destacou que a empresa pretende reduzir sua dívida bruta e otimizar seus ativos industriais para melhorar margens operacionais, especialmente no segmento de produtos industrializados.

A Marfrig também planeja aumentar o número de abates de gado próprio mantido em confinamento, estratégia que visa garantir produtos habilitados para exportação para mercados mais exigentes, como o europeu.

Perspectivas do mercado e avaliação do Goldman Sachs

A aprovação da compra foi vista como positiva pelo Goldman Sachs, que destacou que a venda da planta de Pirenópolis não deve impactar significativamente a operação da Minerva, já que a unidade está inativa. Segundo o banco, o Ebitda dos ativos adquiridos é estimado em R$ 905 milhões por ano, antes das sinergias, o que coloca a aquisição em um valor final de 6,3 vezes o Ebitda.

Apesar da aprovação, o banco apontou incertezas relacionadas à integração dos ativos e possíveis embargos de exportação, além de riscos como a demanda chinesa e a volatilidade cambial. Mesmo assim, o Goldman Sachs mantém a recomendação de compra para as ações da Minerva, com preço-alvo de R$ 7,55.

A transação deve ser concluída até o final de outubro, marcando um importante passo na reorganização dos negócios das duas empresas.