Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o brasileiro está consumindo carne de porco como nunca.
Na comparação com o último ano, o consumo médio passou de 16,9 quilos para mais de 18 quilos per capita. Entre os principais fatores que contribuem para essa mudança de comportamento do consumidor está o preço da carne bovina, que varia entre 30% a 35% a mais do que a suína.
Além disso, outras proteínas utilizadas para substituir a carne bovina, como o frango e o ovo também subiram consideravelmente nos últimos meses. O quilo de pernil suíno é quase 30% mais barato do que o filé de frango com pele e osso, por exemplo. A dúzia do ovos subiu 202,13% acima da inflação oficial desde março de 2020, segundo a 3ª edição do Estudo Sobre Variação de Preços dos Produtos na Pandemia, realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).
Conforme o gerente de Compra da Cotrifred, Ivir Antonio Girardelo, essa mudança de hábito tem sido percebida há algum tempo nos supermercados da cooperativa. “Além do preço da carne suína ser mais acessível, a inflação também tem diminuído o poder aquisitivo do consumidor, que busca opções mais em conta”, acrescenta. Também, o preço final de venda da carne suína tem se mantido estável, com preços dos cortes entre R$ 12 e R$ 15 o quilo. “O produto vem sendo o carro-chefe para atrair os clientes ao supermercado”, confirma Girardelo.
Conhecimento
Entidades como a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) também têm investido em campanhas e divulgação dos benefícios e até receitas com a carne suína, ampliando as opções de consumo do produto. Através da criação do conceito Escolha Mais Carne Suína, de cartilhas com receitas e de ações realizadas ao longo de todo o ano, a ABCS e todas as associações que compõe o sistema, buscam apoio de profissionais como nutricionistas, chefs de cozinha, merendeiras, influenciadores, estudantes de gastronomia, nutrição e veterinária, e todos os agentes que podem atuar nesse sentido.
Para a diretora de marketing e projetos da ABCS, Lívia Machado, o trabalho de promoção da carne suína está em agregar valor, criar oportunidades e conquistar o direito da atenção dos consumidores. Dentro as ações, a entidade investe em campanhas de marketing e promoção da carne suína, como a Semana Nacional da Carne Suína (SNCS), que acontece anualmente ao lado das maiores e melhores redes de varejo do país, crescendo em número de redes, lojas, estados abrangidos, trabalhadores capacitados e clientes impactados a cada edição.
Acsurs
Apesar do bom momento, para o produtor, o panorama não é tão positivo. Conforme o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, o preço pago aos suinocultores pelo suíno vivo não está cobrindo os custos de produção. “Porém, acreditamos que no segundo semestre haverá uma retomada, para que o produtor possa receber para cobrir o que ele realmente gasta”, projeta.
De acordo com a Acsurs, em âmbito nacional, a produção de suínos cresceu mais de 28% nos últimos cinco anos, o que tem exigido investimentos cada vez maiores por parte dos produtores. “A suinocultura está cada vez mais profissionalizada e se o produtor não for extremamente profissional, não consegue permanecer mais por muito tempo na atividade. E a suinocultura não é importante só para o produtor, mas para os municípios, em virtude da distribuição do retorno do ICMS, que é bastante considerável se comparado às demais atividades econômicas. A região aí, por exemplo, tem um grande frigorífico em Seberi, que vem ampliando a produção e buscando cada vez mais produtores. A planta é uma das únicas do Estado que hoje tem um projeto de crescimento para assumir uma demanda que é tão pujante”, finaliza Folador.