A queda nas exportações e a suspensão do auxílio emergencial, que era pago pelo governo federal para amenizar a crise gerada pela pandemia de Covid-19, estão impactando de forma negativa o mercado de suínos. Neste início de ano, com a menor demanda, os preços pagos pelo suíno vivo recuaram 20% enquanto os custos continuam em alta. Em janeiro, em média, o custo do suíno vivo ficou em R$ 6,77 por quilo, enquanto o preço de venda está em R$ 6,00. A expectativa é de que o mercado fique mais favorável para o setor a partir do segundo trimestre, quando a China deve retornar às compras com maior vigor.
Segundo o consultor de Mercado da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), Alvimar Jalles, após o ano de 2020 ser marcado pela valorização dos preços, o início de 2021 tem sido marcado pela queda da demanda pela carne suína, tanto no mercado interno como externo, o que vem derrubando a cotação do suíno. Esse cenário é preocupante já que, em 2020, também houve uma significativa alta dos custos de produção, que se mantêm elevados neste início de ano.
“Estamos vivendo um início de ano de incertezas porque as variáveis que afetam positivamente os preços dos suínos ao produtor são diferentes daquelas que afetam os preços dos seus principais insumos. Para os preços que tivemos em 2020, temos que considerar duas questões igualmente importantes: exportações aquecidas e mercado interno aquecido devido ao auxílio emergencial. Em 2020, tivemos claramente um crescimento dos preços dos suínos devido à melhora temporária da distribuição de renda por classes populares, onde há melhor elasticidade na relação renda/consumo”.
Ainda segundo Jalles, com o fim do auxílio emergencial, perdeu-se um dos dois pilares do preço e, agora, a formação de preços dependerá da recuperação da economia do Brasil em um contexto pós-vacinação em massa contra a Covid-19. O segundo pilar, de acordo com Jalles, é o mercado externo, que tem tudo para continuar positivo em 2021.
“A demanda internacional pela carne suína ainda estará presente em 2021. Especificamente, em janeiro, nós tivemos exportações menores e que ficaram equivalentes a junho de 2019, quando a nossa produção interna era menor que a de hoje. As expectativas são de normalização das exportações, principalmente, a partir do segundo trimestre”.
Conforme Jalles, a queda nas exportações está atrelada ao ano novo chinês. As compras para abastecer o país asiático são feitas no final do ano e a demanda retrai nos primeiros três meses do ano. “A tendência é de que os chineses retomem as compras no segundo trimestre”.
No Brasil, de acordo com informações da Secretaria de Comércio Exterior (Camex) do governo federal, as exportações de carne suína fresca, congelada ou resfriada, nos 22 dias úteis de janeiro, somaram 55,79 mil toneladas, ante as 72,2 mil toneladas registradas nos 22 dias úteis de dezembro. Os dados regionais ainda não foram divulgados, mas, segundo Jalles, a tendência também é de embarques menores.
Custos
A queda nos preços pagos pelo quilo do suíno vivo deixa o setor suinícola de Minas Gerais em alerta, e a gestão da atividade se torna cada vez mais essencial para superar a crise. Com o quilo cotado, em média, a R$ 6,00, o produtor tem acumulado um prejuízo de R$ 0,77 por quilo do animal vivo, já que, segundo os dados da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), na média, o custo de produção está em R$ 6,77.
“A demanda internacional elevada pelos grãos, os riscos climáticos no Brasil e as turbulências políticas na Argentina, que proibiu a exportação de milho, contribuem para que os custos de produção dos suínos fiquem em patamares elevados”, explicou o consultor de Mercado da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), Alvimar Jalles.
A expectativa é de que os custos retraiam nos próximos meses, já que logo se iniciará a colheita da safra de grãos, ampliando a oferta de milho e soja no mercado em geral.
“Nesse momento, a gestão, a produtividade e o caixa são essenciais para que o produtor suporte a crise”, concluiu.