Os processos industriais estão em plena transformação, no qual o foco central tem sido a inovação – disruptiva ou não – e a busca por modelos sustentáveis de produção. O contexto integra a atual agenda internacional, onde ganha espaço aspectos ligados às chamadas economia circular e bioeconomia. Aos olhos do mundo parece muito clara a possibilidade de o Brasil liderar esta mudança econômica em alguns anos, se tornando uma importante referência neste contexto.
O país dispõe dos fatores principais para o desenvolvimento desta nova economia. O território brasileiro possui vasta biodiversidade, alta capacidade produtora de biomassa e infraestrutura industrial instalada, com forte base na área de Pesquisa & Desenvolvimento. Há conhecimento e massa crítica tanto na academia quanto no setor privado capaz de desenvolver inovações, expandir mercado e criar soluções de alta eficiência sustentável.
É, provavelmente, um dos poucos países do mundo a ter em suas mãos todos os componentes necessários para avançar significativamente em bioeconomia. A Europa, por exemplo, não dispõe de grandes volumes de biomassa. O que, claro, não impediria que no futuro este cenário de potenciais países bioeconômicos não se transforme, principalmente se pensarmos em desenvolvimento de novas tecnologias e/ou descobertas de novos materiais.
Hoje, no entanto, o futuro se mostra favorável ao Brasil nesta área. Ocorre, que parece não haver políticas públicas suficientes para o país avançar no ritmo que precisa nesta área. O tema ainda não parece ser visto como estratégico. O que é um grande erro. Há boas iniciativas no setor privado, muito mais atento ao tema e seus desdobramentos futuros. Mas, sem uma política de Estado, avançamos muito devagar e não ocuparemos um papel de protagonista neste processo em curso no cenário internacional, e para o qual temos uma vocação natural.
O país precisa compreender urgentemente este processo, tomando suas rédeas e mirar onde quer estar em 20-30 anos. Não pode seguir o ritmo da maré, se deixando levar. O Brasil tem condições produtivas, biodiversidade e setores capacitados para desenvolver sua capacidade plena, sendo uma potência bioeconômica. Só que é preciso olhar estrategicamente para o futuro, ou novamente ficaremos pela rabeira da história.
Humberto Luis Marques
Editor Suinocultura Industrial
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