O produtor de suínos tem vivido um período de muitas dificuldades, ocasionadas exatamente pelo preço interno do milho e do farelo de soja, base alimentar dos animais e principal item na composição do custo de produção. Os suinocultores tem trabalhado com prejuízo desde o início deste ano. A situação é impulsionada pela instabilidade nos preços de venda do suíno, impactado diretamente pela questão dos custos produtivos. “Quando falo de custo de produção, falo exatamente sobre a questão da nutrição. A grande dificuldade do setor para 2021 foi, está sendo e continuará sendo a questão da nutrição, que tem como base o milho e o farelo de soja”, afirma Ferreira Jr., presidente da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS), em live ontem (10/06) transmitida pelo canal TV Gessulli, no YouTube.
Em meados de outubro, início de novembro, a suinocultura paulista atingiu um patamar de preço de venda do suíno vivo de R$ 185, valor histórico. No entanto, ao final de abril e começo de maio deste ano, o valor pago pelo animal caiu para R$ 100 a arroba. O grande impacto de tudo isso está no valor do milho. No ano passado, com o montante de R$ 185 a arroba suína, os suinocultores pagavam para a região de Campinas (SP) R$ 83-85 a saca do milho. No final de abril, início de maio, esta mesma saca atingiu um preço em torno de R$ 100-105. “Não se tem conhecimento que uma arroba suína deixou de comprar um saco de milho. E a pior relação que nós tivemos foi a cerca de três semana atrás quando 0,98 saca de milho comprava uma arroba, portanto, negativamente”, ressalta Ferreira Jr.
Segundo cálculos da APCS, os custos médios para granjas de até 500 matrizes; de 501 a 2.000 matrizes e acima destas 2.000 matrizes (custo total, com todos os itens que o compõe) fechou maio em R$ 155 a arroba. O preço de venda do suíno oscilou neste último período, fechando maio em R$ 105 a arroba, passando a R$ 125 na primeira semana de junho e fechando ontem na Bolsa de Suínos Paulista em R$ 150,
“O suinocultor precisa melhor este preço de venda, voltar pelo menos aos patamares de R$ 180-185 lá de outubro e que permaneça pelo menos por uns quatro a seis meses para que ele consiga ter uma rentabilidade e pagar as perdas acumuladas ao longo dos últimos cinco meses”, destaca o presidente da APCS.
Acompanhe abaixo a entrevista completa com Ferreira Jr., que discute ainda o mercado externo, cultivo de cerais de inverno, importação de milho e outros pontos importantes neste momento vivido pela suinocultura.