O Brasil tem ocupado lugar de destaque no comércio internacional como produtor e exportador de grãos. Características como clima propício, solo fértil, manejo adequado e tecnologias modernas contribuem para essa projeção positiva. Dados dos últimos 20 anos (2000 a 2020) demonstram crescimento expressivo na produção brasileira de grãos. Enquanto o país cresceu 210% a produção mundial teve um aumento de apenas 60% (CONTINI, 2020). De acordo com a estimativa do décimo levantamento da safra 2020/2021 no ranking mundial de produção de milho, o Brasil ocupa o terceiro lugar, com 109 milhões de toneladas, precedido apenas pelos Estados Unidos e China, com produção de 360,3 e 260,7 milhões de toneladas, respectivamente. O Brasil é ainda o quarto maior consumidor do cereal com 70 milhões de toneladas anuais.
Até 2050 a produção brasileira de grãos poderá superar os 500 milhões de toneladas, sendo ainda mais importante para a segurança alimentar do mundo. Essa afirmação tem por base o estudo “O agro brasileiro alimenta 800 milhões de pessoas“, divulgado recentemente pela Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa. Apesar do cenário positivo em relação à produção de grãos, ainda presenciamos uma grande barreira para a otimização da colheita e armazenagem. As perdas mundiais no pós-colheita podem atingir 30% da produção agrícola. No Brasil, as perdas entre a colheita e o armazenamento chegam a 20% e os prejuízos de qualidade e quantidade ocorrem, principalmente, pela presença de contaminantes de natureza biológica, física e química nas fases de pré e pós-colheita dos grãos, o que afeta cerca de 10% da produção nacional.
Alguns processos podem ser aplicados antes do armazenamento para auxiliar na integridade dos grãos. Um dos mais utilizados é a secagem, que pode ser efetuada antes ou depois da colheita. A dependência das condições climáticas, as perdas por tombamento, os ataques de insetos, pássaros, roedores e outros animais, a contaminação por microrganismos e o maior tempo de ocupação das lavouras têm sido os fatores mais limitantes na utilização da secagem antes da colheita, com os grãos ainda na planta mãe.
A secagem posterior à colheita, apesar de ter maior eficiência, também encontra algumas dificuldades que restringem a sua utilização, como a necessidade de uma estrutura adequada, aliada aos custos decorrentes desta atividade e a exigência da adoção de tecnologias compatíveis. Para amenizar estes problemas, confira a seguir como melhorar a conservação dos grãos após a colheita a fim de evitar perdas econômicas provenientes de fungos.
Armazenagem e secagem dos grãos
De modo geral, é preciso conhecer a característica do grão que será recebido na empresa que fará a classificação ou armazenagem do grão para definir qual a melhor estratégia para conservação das suas propriedades por mais tempo. Usualmente, o fluxo para secagem parece único, porém, algumas variáveis podem interferir nessa condição, como por exemplo, o grau de impurezas na carga (figura 1).
Durante a secagem do grão é necessário o monitoramento da umidade da massa depositada e da temperatura de secagem. Essa medição serve para que não ocorra falha nessa etapa, garantindo a secagem adequada do grão (figura 2). Alguns estudos indicam que durante o processo de secagem, a umidade relativa do ar e a temperatura para o armazenamento de grãos não devem ser superiores a 55,5 pontos. Para tanto, considera-se a seguinte fórmula:
Armazenamento seguro = Umidade relativa do ar (%)+Temperatura (°C) < 55,5
Os métodos de armazenamento mais utilizados são silos metálicos ou armazéns verticais, entretanto, é possível classificar o armazenamento em:
- Convencional
- A granel
- Hermético
- Emergencial
Cada uma dessas formas possui pontos fracos e fortes, sendo necessário levá-los em consideração no momento da escolha.
Micotoxinas no armazenamento
O armazenamento é um processo que exige importante atenção do produtor, pois se for mal acondicionado, é possível haver infiltrações. Essas ocorrências são responsáveis pelo aumento na incidência de contaminantes e também de perdas por alterar a característica sensorial do grão.
Anualmente, 25% da produção mundial de grãos é acometida por micotoxinas, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Mitchell et al (2016), avaliou que a contaminação por aflatoxina pode causar prejuízos à indústria de milho que variam de US$ 52,1 milhões a US$ 1,68 bilhão anualmente nos Estados Unidos.
A pesquisadora da Embrapa de Sete Lagoas (MG), Dagma Dionísia da Silva, ressalta que o milho é uma cultura altamente suscetível à infecção por fungos patogênicos. Essa infecção pode ocorrer tanto antes, quanto depois da colheita, comprometendo direta e indiretamente a qualidade dos grãos de milho e seus derivados, reduzindo sua qualidade sanitária e física, interferindo na sua classificação comercial e tornando os grãos impróprios para o consumo.
Devido a essa suscetibilidade dos grãos comerciais, é importante fazer o uso de aditivos conservantes, que auxiliem na diminuição dos riscos para a matéria-prima. O aditivo Fungtech 55 possui ação sinérgica de um blend de sais de ácidos e ácidos orgânicos, que atuam fortemente no controle de crescimento de bolores e leveduras nos grãos. Esse aditivo atua na redução da proliferação de fungos, sendo uma ótima ferramenta para compor o programa de prevenção e controle de micotoxinas em matérias-primas.
Atuar de maneira preventiva no manejo ainda é a melhor opção para impedir a ocorrência de danos em pós-colheita. Se os princípios de conservação dos grãos forem empregados da semeadura até o momento da colheita, há grandes chances de os grãos colhidos apresentarem elevada qualidade. Contudo, se os grãos apresentarem teor de umidade elevado após a colheita, o processo de deterioração e ocorrência de fungos e bactérias podem facilmente ocorrer.