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Resistência Antimicrobiana

Com 400 inscritos, webinar sobre One Health apontou necessidade da vigilância integrada

Evento contou com profissionais do Mapa, da Anvisa e da Unifesp e teve o patrocínio da Agroceres PIC<br />   

Com 400 inscritos, webinar sobre One Health apontou necessidade da vigilância integrada

O uso inadequado de antibióticos, que gera resistência a esses medicamentos, representa hoje o maior risco para a saúde global. O problema envolve os cuidados não apenas com a utilização na saúde humana, mas também na saúde animal. Diante desse cenário, a vigilância integrada entre os países e instituições internacionais, como a OMS e a OIE, se torna cada vez mais fundamental.

O webinar One Health – Uso Racional de Antimicrobianos e a Sustentabilidade da Saúde Global, promovido pela Gessulli Agribusiness, realizadora da AveSui – América Latina, com patrocínio da Agroceres PIC, apontou as preocupações de todo o mundo para o tema da resistência bacteriana. Coordenado por Juliana Ribas, gestora de Boas Práticas de Produção e Bem-Estar Animal da Agroceres PIC, o evento teve a participação de pesquisadoras da Unifesp, do Mapa e da Anvisa. O webinar, transmitido pelo Zoom, teve 400 inscritos.

Ana Cristina Gales, professora de infectologia da Unifesp, ressaltou que a resistência microbiana gera preocupações diversas. Uma delas, é do aumento da mortalidade e dos impactos nos tratamentos de outras doenças que requerem internação prolongada. “Além disso, traz preocupações econômicas, porque prejudica o comércio”, diz, citando um caso de surto de E.coli em que um produto da agricultura espanhola foi responsabilizado de maneira equivocada por proliferar a doença.

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A pesquisadora apresentou um estudo encomendado pelo governo do Reino Unido a um importante economista. Segundo ela, os cálculos matemáticos desse trabalho apontam que até 10 milhões de pessoas podem morrer anualmente, a partir de 2050, em decorrência da resistência a antimicrobianos. Atualmente, esse número é estimado em 700 mil ao ano.

QUEDA NO NÚMERO DE NOVOS ANTIMICROBIANOS

A resistência a antibióticos traz consequências diretas e indiretas para toda a sociedade, ressaltou Mara Rubia Gonçalves, da Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde da Anvisa.  “A resistência antimicrobiana é uma das maiores ameaças à saúde publica global. Pode afetar qualquer um, em qualquer idade, de qualquer país”, diz.

De acordo com ela, está ficando cada dia mais difícil o tratamento para uma série de infecções ocasionadas por bactérias. São os casos de doenças como tuberculose, pneumonia, além de outras provocadas por salmoneloses. “O uso inadequado de antimicrobianos é um dos principais agravantes, e é algo muito comum no Brasil.”

O cenário é potencializado pela queda no número de novos antimicrobianos, ressalta Mara Rubia. “Ao longo das décadas isso tem diminuído, inclusive, nos últimos 30 anos não tivemos novos tipos desenvolvidos, o que vem a favorecer essa preocupação com a resistência antimicrobiana”, comenta.

 

“TODOS TEM UM PAPEL A DESEMPENHAR”

Suzana Bresslau, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), destacou que todos tem um papel a desempenhar em relação aos riscos da resistência antimicrobiana. Ela disse que o Mapa tem inserido essa preocupação nos diferentes planos nacionais de controle. No caso da resistência bacteriana, a vigilância está sendo implantada de maneira integrada.

“Estamos aproveitando os planos que já existem, como o de controle de patógenos, em uma área que temos representatividade em termos de produção animal, focando principalmente nas cadeias de aves, suínos e bovinos”, conta. Segundo Bresslau, o país conta com monitoramento em nível de granja e frigorífico que está iniciando um trabalho ativo em relação às bactérias resistentes.

A palestrante aponta que o médico veterinário deve ter papel fundamental nessa questão. Isso porque o Brasil ainda não conta, no setor de produção animal, com os mesmos controles sobre o uso de antibióticos que existem em relação à saúde humana. “No Brasil o acesso a antimicrobianos de uso veterinário não prevê ainda a retenção do receituário”, cita.

“O médico veterinário tem que estar junto com o produtor rural, estimular a medicina preventiva e não a curativa, incentivar as vacinações e medidas de higiene, a importância da biosseguridade. Outros profissionais, como o zootecnista, também tem papel importante. O foco da zootecnia é nutrição e uma boa nutrição vai impactar na redução da necessidade do uso de antibióticos”, considera.

Ainda de acordo com ela, o produtor rural cada vez mais tem que entender que a decisão sobre o como, quando e quanto usar de antimicrobiano deve ser sob orientação do médico-veterinário. “De novo precisamos melhorar essa comunicação com o produtor rural para ele entender o porque disso, que é muito mais econômico prevenir do que tratar. Então temos que cada vez mais focar nisso. Todos tem um papel a desempenhar”, conclui