O Brasil atingiu em dois anos uma marca que já almejava há muito tempo. Em 2019, o país chegou a pouco mais de 750 mil toneladas de carne suína exportada. O resultado foi significativo. Por muito tempo o país oscilou na faixa das 600 mil toneladas embarcadas, ora pouco acima, ora abaixo. Neste ano, um novo recorde. O setor suinícola irá fechar 2020 com cerca de um milhão de toneladas exportadas. É o segundo ano seguido que o país avança significativamente nos números de suas vendas externas de carne suína. O mais importante, com crescimento também na receita cambial, que tende a ficar em torno de US$ 2 bilhões, quase 50% acima do ano anterior.
Nos dois últimos anos, o avanço brasileiro está alicerçado em um contexto de emergências sanitárias no mundo. Os casos de Peste Suína Africana (PSA) na China tiveram um impacto gigantesco no mercado internacional de proteína animal. Como todos sabem, os chineses tinham uma produção anual de 54 milhões de toneladas de carne suína e ainda importavam algo em torno de dois milhões de toneladas. A perda de quase metade do plantel de suínos do país asiático levou a uma enorme demanda por proteína animal. Além disto, o vírus da PSA se espalhou por outros países da Ásia, com forte impacto na produção local.
O Brasil soube aproveitar esta janela de oportunidade, ampliando suas vendas à Ásia. Neste contexto, Estados Unidos e China também travam uma batalha comercial, o que reduziu a competição com a suinocultura americana nas exportações para os países asiáticos, diga China, principalmente. Com a pandemia de Covid-19, o agronegócio brasileiro manteve suas atividades e toda a estrutura de escoamento da produção continuou operando, mesmo no período mais crítico. Com isto, o país conseguiu atender a demanda internacional pelo produto, assim como fortalecer o status sanitário dos seus sistemas produtivos, já possuidores de alto nível de biosseguridade. O dólar valorizado neste ano também contribui para se chegar à marca de um milhão de toneladas embarcadas.
A expectativa é de novos avanços em 2021, não só na suinocultura, mas em todo o agro. No entanto, a alta da moeda americana e o contexto climático do país podem levar a uma escassez de milho e soja, o que já é uma preocupação em todo o setor animal. Ou seja, custo mais elevados e menor rentabilidade. O cenário é extremamente positivo, mas é preciso estar atento a todos os custos, no final das contas.
Humberto Luis Marques
Editor Suinocultura Industrial