O consumidor já constatou que fazer as compras do mês ficou mais caro durante a pandemia do coronavírus, um
impacto pela corrida aos alimentos temendo a amplitude pelo isolamento social. Em 2020 é fato que os itens de
alimentação ficaram mais caros, tendo custo elevado em 12,14%, segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas (IBGE). E um dos produtos mais consumidos pelos brasileiros vem sofrendo reajustes ao
longo do ano, provocando alteração no cardápio das famílias.
Dados do IBGE indicam que devido à alta no preço das carnes, os ovos de galinha têm maior produção em 33 anos,
atingindo 1,01 bilhão de dúzias no terceiro trimestre do ano – aumento de 3,6% diante do segundo trimestres deste
ano e de 3,38% perante o terceiro trimestre de 2019. “A alta no preço das carnes, registrada ao longo do terceiro
trimestre, tende a fomentar o consumo de ovos de galinha, por se tratar de uma fonte de proteína mais acessível”,
diz o supervisor das pesquisas do IBGE, Bernardo Viscardi.
Nos últimos 12 meses, os preços das carnes bovina tiveram aumento médio de 60,8%, sendo que o frango
teve aumento médio de 28,8%. No Sul Fluminense diversas famílias adotam o consumo do ovo e da carne
de frango em substituição ao tradicional bife bovino. “Carne de boi virou coisa rara lá em casa. É mais aos
finais de semana porque o quilo do contrafilé, por exemplo, está em torno de R$ 43. Compramos frango
seja em cortes ou inteiro e também comemos bastante ovos. Aliás, os ovos têm sido nossa saída para o
dia-a-dia por ser prático de fazer e barato”, comenta a dona de casa Maria das Dores Maciel, 69, moradora
de Resende. Quem também mudou os hábitos adotando os ovos e as carnes brancas como alternativa
contra a alta da carne é a aposentada Berenice Gomes, 67. “São três cartelas de uma dúzia, toda semana.
faço mais quando temos visitas ou é uma ocasião especial. Diariamente já estamos adaptados nessa
pandemia a comer ovo e carne de frango ou de porco”, conta.
PRODUÇÃO ENTRE REBANHOS
Segundo o IBGE, entre os rebanhos, o abate de frangos atingiu 1,51 bilhão de cabeças no terceiro trimestre,
aumento de 2,8% em relação ao mesmo período de 2019 e de 7,0% na comparação com o 2° trimestre de 2020. No
comparativo mensal, foi registrado o melhor mês de julho de toda a série histórica, que começa em 1997. “A maior
demanda das famílias por proteínas mais acessíveis também impulsionou o desempenho do abate de frangos, que
se aproximou do patamar recorde atingido no 1° trimestre de 2020, período em que os efeitos da pandemia ainda
estavam no início”, comenta Viscardi.
O abate de suínos também cresceu, alcançando o novo recorde de 12,71 milhões de cabeças no terceiro trimestre
de 2020, o que representa aumentos de 8,1% em relação ao mesmo período de 2019 e de 4,5% na comparação
com o 2° trimestre de 2020. Na casa do pedreiro Isaltino Dias, 49, não falta carne de porco. “Sempre compro
bisteca, pernil, miúdos. O porco rende muitas alternativas e o preço é bem mais em conta que a alcatra, por
exemplo. Minha esposa e filhos já estão habituados e até no churrasco mesmo que tenha carne vermelha, a maior
parte dos cortes é de suíno”, comenta.
O abate de bovinos continuou caindo de julho a setembro. Foram 7,69 milhões de cabeças, quantidade 9,5%
inferior à obtida no mesmo período de 2019, mas 4,6% acima da registrada no segundo trimestre de 2020. “A
queda no abate de bovinos vem desde o início do ano, principalmente por conta da restrição da oferta de fêmeas
pelos pecuaristas. Apesar da retração da atividade na comparação anual, nos meses de julho e agosto foram
verificados recordes para a exportação de carne bovina, mesmo produzindo menos internamente”, acrescenta
Bernardo Viscardi.