Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

TvGessulli

Machos estressados, leitões estressados?

Pesquisadores da USP tentam descobrir se o bem-estar dos pais influencia no comportamento futuro de sua prole. Projeto é liderado pelo Professor Dr. Adroaldo Zanella

Machos estressados, leitões estressados?

A TV Gessulli esteve na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ), da Universidade de São Paulo (USP), em Pirassununga, onde o Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal tem desenvolvido projeto de bem-estar animal coordenado pelo professor doutor, Adroaldo Zanella.

Os projetos de pesquisa tem financiamento da Fapesp e da Capes. Em um desses experimentos, 13 fêmeas com 141 leitões têm acesso a cabanas de bambu, desenhadas e construídas pelos pesquisadores da USP. As fêmeas suínas levam feno, grama e galhos para dentro das cabanas e constroem ninhos para proteger sua prole. O foco é minimizar possíveis pontos de estresse nas fêmeas e leitegadas, estudando potenciais alterações que o bem-estar dos machos progenitores acarretariam nos gametas e, consequentemente nos leitões. Essa pesquisa envolveu vinte e sete cachaços em diferentes manejos.

Os níveis de estresse dos animais são mensurados a partir de análise da saliva. As coletas são feitas por estudantes de graduação em veterinária e zootecnia, que também realizam uma série de manejos e cuidados com os leitões e fêmeas do projeto.

As coletas de saliva feitas no campo seguem para análises no laboratório do Centro de Estudos Comparativos em Saúde, Sustentabilidade e Bem-Estar Animal, na própria USP Pirassununga, onde, após processadas, fornecem parâmetros de avaliação do nível de estresse dos animais.

De acordo com o professor Adroaldo Zanella, os resultados podem ajudar a compreender se machos reprodutores em ambiente de estresse podem influenciar com seus gametas, no momento de inseminação ou cópula, o comportamento futuro de sua prole.

 “Nós já demonstramos o impacto do estresse das fêmeas na produtividade dos leitões. Por exemplo, porcas que consomem fibra na gestação, tem leitão que briga menos. Brigar é uma questão muito séria quando se mistura leitão no transporte ou no período de abate, na mistura de lotes”, explica o professor. Nesse sentido, ele aponta que agora a intenção é ir além e descobrir se as condições em que estão submetidos os machos, nas centrais de inseminação, são adequadas para que seus gametas realmente carreguem os genes que foram selecionados.

Para Adroaldo Zanella, o projeto pode se estender a estudos sobre questões do ser humano.  “Essa é uma extensão que me interessa muito, que é oferecer o suíno para um modelo para questões relacionadas com humanos”, diz. Ele cita um exemplo: “Qual é o impacto nos gametas masculinos de um homem que sofreu dengue, chikungunya ou mesmo perdeu o emprego, ou que utiliza drogas, ou que está preso, e acaba oferecendo para a esposa esses gametas? Qual a consequência disso no destino da prole?”, questiona.