A energia solar fotovoltaica ganha cada vez mais espaço no Brasil e, atualmente, essa fonte de energia já ocupa a 7ª posição na matriz elétrica nacional, ultrapassando a nuclear. Hoje, sua presença é vista em grande quantidade em pelo menos três estados brasileiros e ao menos quatro capitais. A previsão é que até 2030 os sistemas fotovoltaicos deverão atingir 2,7 milhões de unidades consumidoras, diminuindo a geração de energia mais poluente e cara, reduzindo os custos, entre outros benefícios.
De acordo com pesquisa do Sebrae, mesmo diante de algumas dificuldades enfrentadas pelos empresários do segmento, como a do ambiente legal, tributação e financiamentos, a estimativa até o próximo ano é a criação de cinco mil empresas instaladoras de micro (até 75Kw) e minigeração (de 75Kw até 5Mw) de energia. Essa expectativa pode abrir de 25 a 30 novos empregos locais por Megawatt (MW) por ano.
Diante dessa nova demanda de profissionais, o Sebrae fez um levantamento para traçar um perfil do empreendedor do setor de energia solar fotovoltaica, apontando que a maioria tem formação superior em áreas técnicas e atuava como projetista quando passou a se interessar por energia solar fotovoltaica, em função do cenário de expansão do segmento. “A partir da identificação do potencial brasileiro e do investimento de grandes empresas na transição da matriz energética, esse empresário percebeu uma oportunidade de negócio. No Brasil, qualquer estado tem muita radiação solar. Até a cidade que tem menos sol, tem 40% mais que a Alemanha”, afirma a especialista em energia do Sebrae, Andrea Faria.
O estudo do Sebrae também mostrou que o empreendedor do setor de instalação de micro e minigeração de energia fotovoltaica tem idade média de 45 anos, é participativo e tem procurado se informar e participar de várias iniciativas para ampliar seu conhecimento, além de acompanhar o tema com atenção. Esse empreendedor acredita que a qualificação técnica e a gestão de pessoas são importantes diferenciais competitivos.
Além disso, esse empreendedor conhece os desafios em relação aos incentivos fiscais e à aquisição de financiamento para o desenvolvimento de projetos junto a sua carteira de clientes. O levantamento mostra que a tecnologia, como WhatsApp, é considerada um mecanismo ágil e fácil de comunicação e de relacionamento para esses empresários fazerem negócios. Ainda assim, o uso da tecnologia é moderado.
A perspectiva é otimista para o empresário que investe no segmento em relação ao crescimento do setor no Brasil e no mundo. O Sebrae também compartilha dessa opinião. “O mercado vem crescendo bastante. Além disso, o preço das placas solares também vem caindo”, comenta a analista Andrea Faria.
O aumento na comercialização do produto é percebido pelo empresário Nelson Guerra, de Caxias do Sul (RS), que vende entre mil e duas mil placas mensalmente. “Temos entre 15 e 20 projetos de energia fotovoltaica. Em janeiro nosso crescimento foi de 1000%”, disse Guerra, acrescentando que desde outubro do ano passado seu negócio vem obtendo lucros.
Um levantamento realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pela ABSOLAR apontou que, em 2019, a fonte energética representa 1,2% da matriz brasileira. No entanto, a competitividade no setor de instaladoras confirma um crescimento muito grande nos últimos anos, com forte expectativa de continuidade, especialmente pelo estabelecimento de redes de franquias especializadas.
Os pequenos negócios no país, por exemplo, já apostam na fonte energética solar como boa alternativa sustentável e econômica. Uma pesquisa feita entre maio e julho deste ano pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade, com mais de 3,1 mil micro e pequenos empreendedores, em parceria com a ABSOLAR e Fundação Seade, mostrou que, dos donos de empresas que adotaram o sistema, 83,9% reduziram os gastos com energia elétrica e mais da metade (60%) pretendem investir mais em energias renováveis, sendo que, desses, 47,5% na fonte solar fotovoltaica.
Esse mercado ainda tem grande potencial de crescimento, já que apenas 0,1% das Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) já instalou a geração distribuída solar fotovoltaica. Desse 0,1%, mais da metade (51%) investiu recursos próprios na implantação. Dos usuários das placas solares, 79,4% ainda não receberam incentivo fiscal. Praticamente todos (96%) identificam resultados positivos do investimento.