Pesquisadores mostram que políticas climáticas fortes e uma matriz elétrica limpa não serão suficientes para atingir as metas do Acordo de Paris. As emissões do transporte, da indústria e da climatização das edificações seriam suficientes para ultrapassar as metas baseadas na ciência.
Enquanto os grandes debates giram em torno de fósseis ou renováveis, o trabalho publicado na Nature Climate Change inovou ao colocar o foco especificamente nos setores onde a descarbonização é mais complicada.
Quanto mais descarbonizada for a matriz elétrica, maior a importância dessas emissões complicadas que podem vir a determinar quanto CO2 precisará ser removido da atmosfera. A modelagem mostrou que, se todas as NDCs forem cumpridas, ainda sobrará um excesso de 1.000 GtCO2e na atmosfera. Mesmo se o aquecimento for limitado a 1,5oC, haverá um excesso de 600 GtCO2e a ser removido de alguma maneira.
O artigo dá ênfase à remoção como única saída. Outros trabalhos que temos comentado entendem que é possível reduzir significativamente a demanda de aço e cimento, os grandes emissores industriais. A eletrificação do transporte também deve alcançar reduções significativas se as matrizes elétricas permitirem. Cada um destes ganhos reduz a quantidade de carbono a ser removida da atmosfera. Possivelmente a um custo muito menor para todos.