Os produtos processados entraram na alça de mira de muitos consumidores, que os têm tratados como vilões responsáveis pela maior incidência de diversas doenças, como obesidade e diabetes. Nada podia ser mais genérico e, na maioria das situações, cientificamente inadequado. Os produtos processados trazem maior ou menor benefício à saúde humana se acompanhados de uma dieta equilibrada e atividades físicas regulares. A questão ficou um pouco mais confusa nos últimos anos com a utilização do termo ultraprocessado, que ganhou um aspecto pejorativo junto aos consumidores, quando na verdade ele indica apenas o grau de industrialização adotado na fabricação de um alimento. O correto seria uma classificação feita pelos compostos nutricionais e pelo nível de biodisponibilidade deles no organismo humano.
O tema é discutido nessa edição por meio de uma entrevista esclarecedora com os engenheiros de alimentos Antonio José de Almeida Meirelles e Sergio Bertelli Pflanger Junior. No caso de Meirelles, ele ocupou até outubro desse ano o cargo de diretor da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp. Os pesquisadores, inclusive, lembram que os alimentos se tornaram mais baratos e acessíveis à população exatamente pela aplicação de tecnologias e incorporação de processos industriais, os quais permitiram, por exemplo, maior tempo de conservação.
Os pesquisadores defendem também a criação de centros de inovação na área de alimentos, algo pouco comum no país. O Brasil possui um mercado consumidor importantíssimo, que necessita de sofisticação de produtos e processos, acompanhados do desenvolvimento de soluções para conservação, apresentação e sabores. O país tem uma vasta riqueza culinária, com produtos típicos e sabores característicos, mas ainda pouco explorados pela indústria brasileira de alimentação. Uma entrevista para ler e refletir.
Uma boa leitura!
Humberto Luis Marques