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Nutrição

Os antioxidantes têm um papel fundamental na saúde intestinal dos animais

Por Marcone Silva, gerente de Nutrição Animal da CFS na América do Sul

Os antioxidantes têm um papel fundamental na saúde intestinal dos animais

Com a crescente demanda de alimentos e a descoberta de novas tecnologias, a produção de proteína animal tem ganhado cada vez mais atenção. A cada ano, os avanços genéticos têm proporcionado animais com maior competência na conversão alimentar (CA) e ganho de peso diário (GPD). Maximizar a eficiência alimentar, alcançar uma taxa de crescimento consistente, controlar e prevenir doenças são desafios comuns que podem ser difíceis de superar dentro do modelo padrão de produção animal. Portanto, para obter um resultado eficiente é preciso investir na saúde intestinal destes animais superprodutores.

A  microbiota do intestino de um animal varia de acordo com as diferentes regiões do trato gastrointestinal. Não é estática mas dinâmica e sua variação é afetada também pela idade do animal, pela dieta, genótipo, sexo entre outros.  Os Bacteroidetes e Firmicutes compoem aproximadamente 90% das bactérias benéficas de um monogástrico e estas por sua vez representam 97% de toda a microbiota. Aproximadamente 3% são representados por bactérias patogênicas. Os desafios das modernas práticas de produção podem restringir a diversidade da microbiota gastrointestinal, ou seja, pode em alguns casos resultar num desequilíbrio prejudicial e levar ao desenvolvimento de um ciclo vicioso de colonização e recolonização de patógenos.  

A saúde intestinal e seu manejo são áreas complexas, coordenadas por vários fatores, incluindo nutrição, microbiologia, imunologia e fisiologia. O intestino é um órgão fundamental para o bom funcionamento do organismo pois, além de seu papel no sistema digestório e absorção de nutrientes também auxilia na imunidade e protege contra patógenos. Manter o equilíbrio da microbiota é importante para a saúde e qualquer alteração e desequilíbrio, como a disbiose intestinal que pode gerar consequências ruins para o organismo e resultar no maior risco de patologias.

Quando a saúde gastrointestinal é comprometida, a digestão e a absorção de nutrientes são afetadas, a conversão alimentar é reduzida e a suscetibilidade à doença é aumentada, resultando em um impacto econômico negativo. A diversidade do microbioma desempenha um papel crítico na saúde intestinal com microrganismos benéficos formando uma barreira protetora ao longo do intestino que impede o crescimento de bactérias como a Salmonella spp,  Escherichia coli, entre outras.
A ingestão de ingredientes deteriorados, ração contaminada com patógenos ou o uso excessivo de antibióticos pode levar a disbiose intestinal, ou apenas disbiose, é um desequilíbrio entre as bactérias benéficas e patogênicas do intestino, que causa diversas alterações inflamatórias.  A disbiose é resultado da absorção inadequada de nutrientes e causa aumento na produção de anticorpos pelo sistema imunológico. Desta forma, ocorre um quadro de inflamação no organismo, ocasionando diversos sintomas que prejudicam a saúde.

Óleos e gorduras são ingredientes muito utilizados como fonte concentrada de energia nas rações, isso permite a formulação de dietas de alta eficácia para animais em produção. A indústria de aves e suínos tem utilizado em larga escala subprodutos de abatedouros adicionados às rações, como óleos e farinhas de vísceras, que tem como principal vantagem o baixo custo e o alto conteúdo energético. A oxidação dos óleos e gorduras ou oxidação lipídica dos alimentos, além de comprometer as características sensoriais como o aroma, sabor, cor, e textura, produzem substâncias de comprovado efeito tóxico. A ingestão de produtos primários da deterioração oxidativa de ácidos graxos promove irritação da mucosa intestinal, diarreia, degeneração hepática e até a morte das células. A oxidação lipídica traz prejuízos nutricionais devido à perda parcial de vitaminas lipossolúveis como a vitamina E, A, K, entre outras. A vitamina E combina uma série de ativos chamados tocoferóis dos quais o α-tocoferol é o mais ativo biologicamente.

 Os antioxidantes, segundo a United  State Food and Drug Administration (U.S.F.D.A.), são definidos como substâncias empregadas para preservar alimentos e por retardar deteriorização, rancidez ou descoloração devido a oxidação, além de atuarem como inibidores de radicais livres, interferindo no mecanismo de autoxidação de lipídeos. O uso de antioxidantes na ração impede a oxidação dos óleos e vitaminas, garante a ingestão de um alimento seguro, auxilia na manutenção da saúde intestinal e consequentemente, garante que o animal explore todo o seu potencial.
A utilização de blends de antioxidantes e quelantes, que tenham efeito sinérgico, podem aumentar o poder antioxidante na ração, garantindo a ingestão de um alimento mais seguro. Blends que contenham agentes quelantes, como o ácido cítrico e seus sais e o EDTA, ajudam a retardar o processo de oxidação.

Para que os antioxidantes possam ser utilizados na alimentação animal, devem seguir as seguintes qualificações:

• Devem ser eficazes na conservação de gordura de origem animal e vegetal, vitaminas e outros alimentos que estão sujeitos à deterioração oxidativa;

• Não devem ser tóxicos ao homem e aos animais;

• Devem ser eficazes em baixas concentrações e economicamente viável;

• Devem ser seguro como aditivo alimentar;

• Devem ser resistentes à diferentes temperaturas (estabilidade nas condições de processo e armazenamento);

•  Não devem alterar sabor, cor e aroma do alimento;

O antioxidante tem uma função eficaz na saúde intestinal dos animais.