Avicultores de diversas regiões do Paraná estiveram na sede da FAEP, em Curitiba, no dia 8 de novembro para reunião da Comissão Técnica de Avicultura. Este foi o último encontro de 2018, ano em que o setor enfrentou diversos percalços, como o embargo europeu, acusação de dumping da China, greve dos caminhoneiros e fechamento parcial do mercado árabe.
Segundo o presidente da comissão, Carlos Bonfim, que produz aves em Carambeí, região dos Campos Gerais, é preciso alinhar as questões mais relevantes do setor para serem encampadas pela comissão. Mais uma vez, a principal reivindicação dos participantes são condições mais justas de produção e remuneração por parte das agroindústrias integradoras. O Paraná é o maior produtor e exportador de frango do país e a grande maioria desta atividade é realizada no sistema de integração. “Para o ano que vem temos que bater forte a parte de remuneração. As Cadecs têm que pegar bem firme, e a hora que não der certo com a Cadec, vem para o núcleo”, afirmou, referindo-se às Comissões para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs), que são espaços para diálogo e negociação entre produtores e indústrias. Este ano, a FAEP promoveu a criação do Núcleo de Cadecs, onde são discutidas as questões que são comuns a mais de uma unidade produtiva da mesma empresa. Desta forma, seriam tratadas de questões recorrentes e a um grande número de avicultores, junto às instâncias superiores das integradoras.
De acordo com Bomfin, ao lado da questão da remuneração, hoje os principais entraves da atividade referem-se aos altos custos de mão de obra, encargos trabalhistas, lenha/combustível e energia elétrica. “É isso que mata a gente”, pontuou.
Após as considerações iniciais, onde foram levantadas as principais questões de cada região produtora, foi realizada uma apresentação sobre o eSocial, novo sistema eletrônico do governo federal que centraliza e a administração das informações relacionadas à questões de trabalho e previdência. Na ocasião o advogado Eleotério Czornei, do departamento jurídico da federação, discorreu sobre os cuidados que os avicultores devem tomar quando este sistema entrar em vigor, em 2019.
Na sequência, o diretor corporativo de agropecuária da JBS Foods, Osório Dal Bell, falou sobre os desafios para a sustentabilidade da agricultura. Para isso é necessário que a produção tenha resultados financeiros positivos, de forma continuada, com respeito ao meio ambiente e contribuindo para o bem-estar social.
Segundo Bell, o sistema de produção avícola precisa ser capaz de operar em ambientes de desafios, pois estes serão cada vez mais constantes no futuro. “À medida em que os desafios aparecem, o sistema busca um jeito de se adaptar”. Para ele, um dos primeiros desafios que devem ser enfrentados é a sanidade, pois uma vez que este item é negligenciado, os reflexos são graves, como fechamento de mercados consumidores.
Segundo ele, as perspectivas da JBS no ano que vem são de pouco crescimento. “Deve andar meio de lado no Brasil, mas a operação nos EUA e na Austrália está bem”, destacou. Para o futuro, Bell elencou algumas questões que devem surgir no horizonte ada avicultura mundial, como: novas tecnologias (que chegam ao campo cada vez mais rápido), proteínas alternativas (carne artificial), bem-estar animal, rastreabilidade e transparência para com os consumidores. Neste cenário futuro, como no atual, quem deve nortear estas transformações, segundo o diretor da JBS, é a sanidade animal.