O setor produtivo de carnes viveu um 2016 de grandes desafios no custo. Os altos preços do milho e soja impactaram diretamente sobre os valores necessários à produção de suínos e aves. Sempre é bom lembrar, a alimentação responde por cerca de 70% do custo total de produção. Especialmente em suinocultura, as exportações foram o grande alívio. O Brasil embarcou no ano passado mais de 700 mil toneladas. Um recorde que minimizou os impactos negativos dos custos na proximidade do fim do ano passado.
Esse ano tinha começado bem. Os preços pagos pelo suíno haviam melhorado significativamente, principalmente se pensarmos que o primeiro trimestre costuma ser o período mais fraco do ano. O mesmo se pode dizer das exportações. O primeiro bimestre já apontava uma alta de 18,9% nos volumes, com 53,5% em receita. No entanto, no dia 17 de março a Polícia Federal deflagrou a operação “Carne Fraca”, envolvendo a suspeita de que fiscais agropecuários federais estavam fazendo “vista grossa” em relação a irregularidades em frigoríficos das mais diversas empresas do país. Foram citadas 21 empresas, em lista posteriormente divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com unidades de abates no Paraná, Goiás e Santa Catarina.
A investigação está em andamento. Todos os culpados devem sofrer as punições cabíveis ao final de todo esse processo. Todos defendem isso. A grande questão foi a forma de divulgação do caso. Ao invés de destacar se tratar de um caso pontual, envolvendo suspeita de corrupção, se colocou em xeque toda a carne brasileira. O país é o maior exportador de carne bovina e de frango, quarto em suínos. As notícias criaram uma celeuma no mercado internacional, com impacto direto sobre as exportações do país. O fechamento de muitos mercados conseguiu ser revertido, mas os prejuízos ficaram com o setor produtivo.
Num ano em que a economia ainda tenta se recuperar e as indústrias de carnes viam no mercado internacional a grande janela de oportunidade, a forma de divulgação do caso foi uma ducha de água fria. Todos esperam agora que os reflexos sejam mínimos, frente à rápida ação do governo, e o setor possa continuar a produzir com a qualidade de sempre.
Boa leitura a todos!
Humberto Luis Marques
Editor