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Recentes avanços relacionados à taxa de lotação e espaço de comedouro para suínos - Por Lucas Rodrigues

Próximo passo da suinocultura talvez esteja em garantir a sustentabilidade da produção de carne em ampla escala

Recentes avanços relacionados à taxa de lotação e espaço de comedouro para suínos - Por Lucas Rodrigues

2017Aumento de produtividade com o mesmo espaço! Essa parece ser a nova missão da cadeia de produção suinícola para os próximos anos. Embora estejamos em um país de dimensões continentais e com ampla disponibilidade de recursos naturais, o próximo passo da suinocultura talvez esteja em garantir a sustentabilidade da produção de carne em ampla escala, respeitando e garantindo a regeneração do meio ambiente. Nesse cenário de aumento de escala de produção sem aumento concomitante de instalações, invariavelmente teremos de nos atentar para o espaço por animal nos comedouros, assunto que será tratado a seguir, tendo foco no plantel de engorda.

Traçando uma linha do tempo para a produção de suínos, observa-se que o peso de abate migrou de aproximadamente 80 kg nos anos 90, para 100 kg nos anos 2000 e já atinge patamares de aproximadamente 140 kg nos dias atuais. Se retomarmos a introdução deste artigo, surge-nos a indagação de como garantir os altos pesos de abate, sem que haja incremento de instalações. Embora pareça superficial, a solução para esse desafio inicia-se com o adequado fornecimento de espaço para o desenvolvimento dos animais. Nesse interim, o balanço entre melhoria de consumo e consequentemente ganho de peso, manutenção de boa qualidade de carcaça e garantia de bem-estar animal são as três premissas que parecem nortear o desenho de instalações e equipamentos.

Um cálculo básico para delineamento do espaço de comedouro em um galpão de crescimento/terminação é: Espaço de Comedouro = 1,1 * Largura Média do Ombro dos Animais. Para efeito de simulação, animais de 30 (saída de creche), 70 (saída do crescimento), 110 (saída da terminação) e 130 kg (saída da terminação tardia), necessitarão de aproximadamente 21, 27, 32 e 35 cm de espaço/animal no comedouro.

Grupos de pesquisa têm concentrado esforços no desenvolvimento de equações que possam predizer com maior acurácia o impacto exato do provimento de espaço no desempenho de suínos destinados ao abate. Traduzindo em números práticos, estima-se que para cada 800 cm² de redução no espaço por animal dentro de uma baia de terminação, ocorra um decréscimo aproximado de 4% e 3% em ganho de peso e consumo de ração, respectivamente.

Outro ponto chave para os terminadores é a homogeneidade do lote. Em muitas situações, um lote que é alojado pós-descreche, com alta porcentagem de animais de baixo peso, será um lote heterogêneo ao abate, o que é altamente indesejado. A garantia não só de ração no cocho, mas também de lotação adequada da baia pode colaborar para a recuperação dos animais de padrão de crescimento reduzido.

Estima-se que o aumento de espaço de comedouro pode influenciar positivamente a motivação alimentar (número de visitas ao comedouro durante o dia) e diminuir a excitação dos animais, tendo em vista que os animais de baixo peso são prejudicados pela hierarquia para visitarem o comedouro. Além disso, embora multifatorial, lesões de cauda que potencializam refugagem podem estar diretamente relacionadas à indisponibilidade de espaço no comedouro.

Um conceito bem-estabelecido que parece voltar constantemente à tona e receber atenção da pesquisa é a regulagem de comedouros. De maneira geral, para animais dos 15 aos 60 kg, aproximadamente, o fornecimento deve ser ad libitum, para proporcionar máximo ganho de peso e consumo, sem consequências adversas para a conversão.

Já para animais de crescimento e terminação, a prática da restrição alimentar com intuito de reduzir o desperdício e melhorar a conversão alimentar em uma fase em que os animais se tornam menos eficientes é aprovada. De toda maneira, é essencial ressaltar que a restrição deve ser sugerida e acompanhada por um nutricionista.

Finalmente, a atuação do nutricionista nos sistemas de produção pode colaborar sobremaneira em relação à recomendação da apresentação da dieta aos animais. Discute-se muito sobre os prós e contras de dietas secas x dietas úmidas. A segunda parece aumentar o padrão de consumo, ganho de peso e peso final, assim como o peso de carcaça quente, todos parâmetros intimamente relacionados. Por outro lado, caso não se respeite um padrão de consumo controlado, corre-se o risco de observar aumento na conversão alimentar e espessura de toucinho no abate, assim como diminuição da porcentagem de carne magra na carcaça. O umedecimento ou não das dietas está atrelado à categoria sexual com que se trabalha (machos inteiros, castrados, fêmeas, imunocastrados), da disponibilidade de mão de obra e instalações para tal e do tipo de dieta.