Os tempos áureos do preço das carnes no mercado externo estão ficando para trás. Tanto as carnes de frango como a bovina e a suína estão com valores menores neste início do ano do que em relação a igual período de 2015. Os dados do frango, líder no setor, mostram bem essa desaceleração. O país volta a aumentar o ritmo de exportações neste mês, em relação a igual período do ano passado, mas as receitas ficam estáveis.
O país está exportando, em média, 14,7 mil toneladas de carne de frango “in natura” por dia neste mês, 25% mais do que em janeiro de 2015. Apesar desse aumento, as receitas diárias se mantiveram em US$ 19,9 milhões, tanto para este janeiro como para o mesmo período do ano passado. Há um ano e meio, o país exportava frango com o valor médio de US$ 2.029 por tonelada. Neste mês, o valor é de US$ 1.356. Uma das vantagens para o setor é que o dólar está rendendo mais reais.
Maior exportador mundial de carne de frango, o Brasil se consolida, agora, na segunda posição entre os produtores. Ele perde para os Estados Unidos, líder mundial, e passa a ocupar o posto até então da China, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). As produção brasileira de carne de frango subiu para 13,1 milhões de toneladas no ano passado, 3,6% mais do que em 2014.
Apesar da queda dos preços no mercado externo, o Brasil ainda tem gorduras para queimar, devido aos preços competitivos de produção. Os custos de produção, no entanto, começam a aumentar de patamar. Um dos motivos é a exportação recorde de 28,9 milhões de toneladas de milho pelo país em 2015. Pesquisa diária da Folha indica que a saca de milho teve evolução média de 62% nos últimos 12 meses nos principais mercados de negociação do país.
O vasto número de importadores e a abertura crescente de novos mercados, porém, sempre garantem alguns mercados em ascensão no consumo. Já outros, mais afetados pela crise econômica mundial, podem diminuir as importações. Mas, além do mercado externo, o setor tem de conviver com os problemas internos. Crise econômica no Brasil e queda nos preços externos já provocaram uma redução de 7% nos preços do frango vivo nos últimos sete dias. Essa redução de preço de comercialização é um desafio para o produtor, que vê seu custo de produção aumentar.
O quilo da ave viva recuou para R$ 2,60 na terça-feira, dia 26, segundo a JOX Consultoria. Apesar da queda dos últimos dias, o valor atual ainda supera em 16% o de há um ano. A queda de preço já chega ao bolso do consumidor. Pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), feita na cidade de São Paulo, indica que o valor do frango, após recuar 1,2% em dezembro, acumula queda de 0,4% nos últimos 30 dias.