O salame artesanal ou “colonial” – como é chamado, é talvez o mais apreciado dos embutidos e, ao longo dos anos, manteve seu espaço, abriu mercados, sobreviveu à chegada das agroindústrias e hoje detém significativa parcela de preferência dos consumidores, graças a práticas de sanidade animal e às normas de higiene incorporadas ao método de fabricação.
Um baile que vendia delícias
Na Linha Serra Alta, comunidade rural distante 14 quilômetros da área urbana de Ipumirim, a família Helbing manteve a tradição de produzir embutidos iniciada pelo Agricultor Bertoldo Helbing. Ele também era dono de um salão de bailes na década de 1940, onde anualmente acontecia o infalível kerb (festa típica alemã) com o “Baile da Lingüiça”, que remetia à excelência dos produtos fabricados(e oferecidos no baile) por Bertoldo e seus filhos.
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Três gerações depois, Mauri Helbing acaba de inaugurar o Frigorífico Helbing, empreendimento com capacidade (inicial) de abater até 350 suínos/mês e oferecer matéria prima para a fabricação de salame, torresmo, tripa grossa (ou queijo de porco), kit feijoada e banha, entre outros. Mauri informa que os abates têm inspeção estadual viabilizada através do trabalho de Médicos veterinários da Prefeitura, e a matéria prima provém de pequenos suinocultores da região, filiados à Cooperativa de Produção Agroindustrial e Artesanal Familiar de Ipumirim, a Coopermirim.
A inauguração do Frigorífico mereceu comemorações na comunidade e contou com a presença do Secretário da Agricultura e da Pesca, Moacir Sopelsa, além de autoridades municipais, engenheiros agrônomos, veterinários e técnicos da Epagri e Cidasc que assessoraram a Cooperativa na elaboração e execução de Projeto Estruturante através do Programa SC Rural.
10 empreendimentos apoiados
O Frigorífico Helbing é um dos 10 empreendimentos de agricultores familiares da Coopermirim apoiados pelo SC Rural, programa de governo focado na melhoria de competitividade de mercado para a agricultura familiar. Além de estruturar a cooperativa com aquisição de equipamentos de uso coletivo para melhorar a produção e a comercialização, o projeto viabilizou a melhoria da renda uma dezena de diferentes empreendimentos (produção de ovos, chás, bolachas, massas, frutas diversas, cana de açúcar, vassoura, verduras, temperos, grãos, suínos e leite) de associados.
Satisfeito com o apoio recebido do Programa SC Rural (R$ 120 mil, não reembolsáveis), Mauri Helbing investiu no frigorífico cerca de R$ 1 milhão em recursos próprios e contou com o trabalho e assistência das equipes locais da Epagri e da Cidasc. Ele agradece também o apoio recebido da prefeitura de Ipumirim na forma de terraplanagem para a obra física. ”Começamos abater ontem (terça, 15/03), temos oito funcionários e nossa intenção é aproveitar 100% da matéria prima na fabricação de embutidos. Queremos comercializar nossa produção aqui mesmo na região”, comemora Mauri. Ele adianta que pretende encaminhar processo para obter a inspeção do Sisbi (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal), que habilitará a venda de embutidos de seu frigorífico em todo o território nacional.
Aumento de 50% na renda familiar
Para o Agricultor e Presidente da Coopermirim, Odair de Andrade, “o SC Rural com certeza foi de grande importância para os cooperados. Se não fosse esse apoio a maioria desses empreendimentos talvez não existissem hoje. Todos melhoraram sua atividade construindo ou melhorando instalações e comprando equipamentos que hoje ajudam a trazer mais renda às propriedades”, assegura Odair.
Ele mesmo – produtor de milho e de suínos em sistema de integração – conta que está animado e calcula que aumentou sua renda em cerca de 50% com a venda dos Panificados “Sabores do Vale” (cerca de 20 produtos) produzidos pela esposa e por um funcionário contratado. “Vendemos tudo aqui mesmo em Ipumirim e pretendemos aumentar a produção. Se conseguir aumentar as vendas, penso mesmo em deixar a integração e me dedicar mais aos panificados”, prevê.
Além de vender de porta em porta e uma vez por semana em sala alugada pela Coopermirim, Odair e os demais empreendedores da cooperativa também fornecem produtos para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). “Eu vendo semanalmente entre 150 a 200 quilogramas de panificados e posso produzir mais, mas dependo de arrumar mão-de-obra e preciso conhecer melhor a área das vendas”,planeja Odair. Outra idéia dos 15 empreendedores cooperados apoiados pelo projeto estruturante do SC Rural é expandir as vendas para municípios vizinhos a Ipumirim, cuja população é de aproximadamente sete mil habitantes.
