O encontro, promovido pela Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, aconteceu no Palácio Barriga Verde, em Florianópolis, na manhã de ontem (04/04). O secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Moacir Sopelsa, esteve presente e colaborou na busca de alternativas para minimizar os impactos da crise para os suinocultores.
A principal preocupação do setor produtivo é com relação ao alto custo dos insumos, principalmente o milho, e a baixa remuneração pelo quilo do suíno. Segundo o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, o quilo do suíno vivo é comercializado por aproximadamente R$ 3,20, enquanto o custo de produção está acima dos R$ 4,00. O alto custo de produção se deve ao valor do milho, principal componente da ração dos suínos, que falta em Santa Catarina e tem que ser buscado em outros estados. A saca de milho, comprada por R$ 23 no Mato Grosso, chega a SC por R$ 54 devido ao custo do transporte. “Em algumas regiões do estado, o prejuízo na produção de um animal pode chegar os R$ 100, inviabilizando a atividade, sobretudo para os criadores independentes, que não estão associados às agroindústrias”, disse Losivanio.
O secretário da Agricultura Moacir Sopelsa apresentou as iniciativas do Governo do Estado em apoio aos suinocultores catarinenses. Até o final deste mês, está valendo a redução da tarifa do ICMS (de 12% para 6%) nas operações de comercialização de animais vivos entre estados. “O governo vem procurando atender, dentro de suas possibilidades, medidas que, acredito, possam prestar um socorro mais imediato a esta atividade que é fundamental para a economia de Santa Catarina”, ressaltou Sopelsa.
O Governo trabalha ainda para aumentar a produção de milho no estado, o secretário Moacir Sopelsa destacou as ações para a ampliação na área de cultivo em 100 mil hectares e a implementação, em conjunto com as cooperativas, de um programa de subsídio do preço de adubos e sementes de alta produtividade.
Outra alternativa estudada é transportar o milho de outros Estados utilizando ferrovias, o que poderia reduzir o preço do insumo em até 15%. “Estamos trabalhando a possibilidade de abrir o transporte ferroviário, mas tendo muito cuidado nesse aspecto para não criar expectativas que não possam ser cumpridas. Já houve a abertura do processo de concessão pública para o serviço, mas só teremos uma definição com a empresa responsável pela administração do ramal ferroviário no dia 18 de abril”, explicou o secretário da Agricultura.
A expectativa é de que a situação dos suinocultores melhore dentro de 60 dias, quando entrará no mercado a produção da segunda safra de milho do ano. Até lá, entretanto, a ACCS propõe uma série de medidas para baixar o preço do milho, como a suspensão, por 90 dias, do PIS/Cofins referente a importação do grão, a liberação dos estoques da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a criação de políticas estaduais para que os agricultores catarinenses prefiram comercializar o grão internamente, em vez de exportar.
O presidente da Comissão de Agricultura da Assembleia, deputado Natalino Lázare, afirmou que as tratativas em torno da crise da suinocultura devem ter continuidade. “Nós, deputados, temos ciência da nossa responsabilidade diante deste grave problema e estamos juntos para encontrar soluções para que esse segmento continue a ser forte e dinâmico. Somos plenamente favoráveis a tudo o que foi dito aqui e vamos lutar para tenham andamento nos próximos dias.”