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Ração

Alimentos alternativos podem diminuir custos na produção de suínos e aves

A alta no preço do milho está levando o produtor a buscar alternativas para diminuir custos na produção.

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Responsável por 70 a 80% da composição da ração animal, o milho tem trazido preocupação para os produtores de aves e suínos. A alta do preço do grão no mercado brasileiro e a diminuição dos estoques públicos nas regiões consumidoras impulsionaram as cadeias produtivas a discutir medidas emergenciais para abastecer o mercado com preços acessíveis e, assim, reduzir prejuízos. Essa alta, somada à desvalorização do real frente ao dólar, que amplia as exportações de milho, pressiona os custos de produção de aves e suínos, já que o grão pode impactar 70% no total dos custos.

Diante deste cenário, considerando ainda o aumento do farelo de soja, os produtores já estão buscando alternativas para reduzir o custo de produção. Uma boa opção está na substituição parcial do milho e do farelo de soja nas rações, desde que alguns cuidados sejam observados. Um ponto importante a considerar na busca de ingredientes alternativos é que ao se aumentar a demanda dos mesmos, tendem a aumentar de preço no mercado e aí passam a perder a vantagem diferencial que teriam pela falta ou aumento de preço dos ingredientes tradicionais (soja e milho). “Por isso, sempre que se considerar a alternativa de ingredientes devemos estar atentos a disponibilidade comercial, qualidade e preços relativos aos ingredientes tradicionais, buscando a vantagem no preço, sem nunca desconsiderar a qualidade”, explica o estudo desenvolvido por pesquisadores da Embrapa.

A Embrapa sugere dietas com ingredientes alternativos, “mas devido às políticas agrícolas do país a disponibilidade de ingredientes alternativos é em geral baixa”, alerta. Veja abaixo algumas alternativas para a produção avícola e suinícola:

FRANGO

Trigo e Triticale: São cereais de inverno que os produtores de aves devem redobrar a atenção em seus preços, pois a colheita ocorre no final do ano, justamente, na entressafra do milho. O trigo, historicamente, sempre foi destinado ao consumo humano sendo os subprodutos do seu processamento direcionados à alimentação animal, destacando-se, principalmente, o farelo de trigo e o resíduo de limpeza, erroneamente definido como “triguilho”. O triticale é um grão produzido com o destino principal para a produção de rações.

Os cultivares de trigo apresentam grande variação na composição química e valor nutricional, enquanto os de triticale são menos variáveis. Entretanto os dois cereais sofrem efeito marcante do ambiente e do clima em que são produzidos. Em geral, o preço limite para compra do trigo e do triticale para uso em rações de frangos não deve ser superior a 90-95% do preço do milho.

Sorgo: É um cereal cuja disponibilidade comercial não é alta, mas que apresenta excelente possibilidade de uso na alimentação, desde que incluídos ingredientes com pigmentos carotenóides ou xantofilicos, já que o sorgo diminui a pigmentação da pele, quando de seu uso. Algumas variedades de sorgo podem conter tanino, o qual é indesejável para rações. O sorgo poderá conter menos energia metabolizável que o milho e seu preço não deve ser superior ao do milho e a menos de 90% deste, poderá ser vantajoso na substituição parcial do milho. As farinhas animais de outras espécies não aviárias, devidamente processadas e de boa qualidade (nutricional e sanitária), podem ser alternativa proteica e fosfórica importante para diminuir o custo de alimentação. A diminuição do custo de produção das rações oscila entre 5 e 12% quando os preços do farelo de soja e milho estão com preços altos no mercado. Análises devem ser solicitadas visando a garantia de qualidade (negativo para salmonela, putrefação, sem rancificação, digestibilidade, etc.).

Suínos

De acordo com Bellaver e Ludke (2004), as alternativas de alimentação de suínos disponíveis para uso direto nas granjas são restringidas aos macro ingredientes de origem vegetal, que podem ser:

Essencialmente Energéticos: raiz de mandioca (in natura, silagem da raiz, raspa integral, farinha, farelo residual) e caldo de cana. O nível de proteína nesses ingredientes é baixo, exigindo que seja aumentada a proporção das fontes proteicas, o que representa uma importante limitação. A raspa (seca) integral da raiz de mandioca em termos percentuais pode responder por até 50% da dieta. O caldo de cana apresenta em termos comparativos uma energia metabolizável de 3202 Kcal/kg quando expresso com um valor hipotético de 88% de matéria seca. Entretanto, este ingrediente é de difícil manejo e transporte, podendo até mesmo inviabilizar a sua utilização.

Energéticos idênticos ao milho: sorgo, milheto, grão de arroz e arroz na forma de quirera. Apresentam a possibilidade de substituição total do milho causando apenas pequenos ajustes na porcentagem dos demais ingredientes da ração. No mesmo grupo podem ser incluídas muitas sementes de gramíneas. Porém, algumas delas (principalmente as tropicais) apresentam valor energético muito menor do que o milho. A silagem de grão de milho úmido pode ser estrategicamente usada visando à redução em até 28 dias no tempo de ocupação da lavoura, e a sua inclusão nas dietas de todas as categorias de suínos pode ser realizada via substituição total do milho, desde que realizados os ajustes em função do teor de umidade, da maior disponibilidade dos minerais e, proporcionalmente a um mesmo nível de umidade, maior valor de energia metabolizável.

Fornecedores de energia com nível de proteína mais elevado do que o milho (pelo menos acima de 14%): farelo de arroz integral (muito sensível à rancificação), semente de girassol e soja integral inativada (tostada, cozida, extrusada). São os ingredientes que apresentam elevado teor de extrato etéreo e por esse motivo apresentam maior densidade energética. São recomendados para substituir entre 75 a 100% da proteína fornecida pelo farelo de soja em dietas para matrizes em lactação. A soja devidamente processada pode ser incluída em até 20% nas dietas nutricionalmente equilibradas a serem fornecidas para os leitões nas dietas pré-iniciais e iniciais. Para suínos em terminação o elevado teor de gordura insaturada afeta a qualidade da gordura na carcaça. A inclusão do farelo de arroz integral em rações para suínos em crescimento e terminação deve ser restringida até um máximo de 30% da dieta.

Fornecedores de proteína: farelo de algodão, farelo desengordurado de arroz, farelo de girassol e sementes de leguminosas, em especial o guandú. São ingredientes aptos à inclusão em dietas de suínos em crescimento e terminação e fêmeas em gestação, substituindo entre 50 a 75% da proteína oriunda do farelo de soja. Como regra geral as sementes de leguminosas apresentam, em níveis variados, fatores antinutricionais que devem ser adequadamente inativados (exceção feita para a ervilha).

Fornecedores de proteína com baixa energia: feno de leucena e feno da folha de mandioca que podem substituir parcialmente o farelo de soja. São ingredientes preferenciais para serem incluídos em proporção definida (no máximo 10%) nas dietas de fêmeas em gestação porque apresentam elevado teor de fibra bruta e baixa densidade energética.