Os reflexos da menor oferta de produtos agrícolas no mercado interno, por conta de problemas climáticos e pelo crescimento das exportações, estão sendo sentidos num dos pontos mais sensíveis da economia: o prato dos brasileiros. Os preços nas alturas de alimentos essenciais para a população, como feijão, arroz e leite, já começam a pressionar a inflação brasileira.
O Índice de Preços ao Consumidor – Amplo 15 (IPCA-15), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumula alta de 9% nos últimos 12 meses. Responsável por mais de um terço da inflação, o grupo alimentação e bebidas foi o que mais cresceu no período, chegando a 12,4%.
“Esses itens têm peso significativo na cesta básica dos brasileiros, refletindo diretamente na inflação”, explica Vanessa Neumann Sulzbach, economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
Produtos como arroz, feijão e leite foram impactados por problemas climáticos, que reduziram o volume das safras colhidas no país e também atrasaram o desenvolvimento de pastagens. Já a valorização da soja e do milho, principais componentes da ração animal, é provocada pelo aumento do apetite externo pelos grãos.
“Os preços de aves, suínos e bovinos podem subir pelo encarecimento dos custos dessas criações”, destaca André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Mesmo com as recentes pressões, o economista prevê que os alimentos não fecharão o ano como vilãos da inflação. A previsão é de recuo dos preços nos próximos meses, trazendo um alívio aos consumidores.