Muitos autores destacam a importância do parto e da lactação como sendo as fases mais críticas da produção de suínos. Na maternidade, portanto, o produtor encara um verdadeiro desafio para assegurar bons resultados na sua atividade, aqui traduzidos no número de nascidos vivos e na produção de leite que irá garantir um bom peso ao desmame. É consenso entre técnicos e produtores que todos os esforços dedicados nas fases anteriores podem ser perdidos na maternidade se atenção e cuidado especiais não forem dedicados à porca e aos recém-nascidos.
O manejo na etapa pré-parto tem seu início na semana anterior à data prevista para a parição e inclui cuidados com o ambiente destinado a alojar os animais e a transferência e adaptação dos animais à instalação da maternidade. Não se pode negligenciar que será neste local que a fêmea permanecerá durante o período de parto e lactação, e que uma organização e planejamento quanto ao local onde colocar cada fêmea conferem um bom atendimento ao parto pelos funcionários, diminuindo as perdas nesse processo. A seguir são destacados os principais pontos de manejo nesta fase de criação.
Preparação da sala de maternidade
Desde os anos setenta, a prática mais universalizada na suinocultura é o manejo das salas da maternidade de acordo com o sistema “todos dentro, todos fora”, ou seja, entrada e saída de lotes fechados de porcas, proporcionando um vazio sanitário segundo o planejamento de uso das instalações da granja, que costuma ser entre 3, 5 ou 7 dias. Isto previne o fácil surgimento das infecções e reduz a exposição aos vírus, bactérias e parasitas.
Existem prós e contras um vazio sanitário de apenas três dias. A favor dessa prática é argumentado que ao se transferir matrizes muitos dias antes do parto, irá aumentar o nível de contaminação da sala até o momento do parto. Contra um vazio sanitário muito curto, existem situações em que fêmeas jovens terão pouco tempo para adaptar-se nas celas parideiras e também o argumento de que poderá aumentar o número de situações de trabalho de parto ainda nas gaiolas de gestação, devido à ocorrência natural de uma percentagem de gestações mais curtas.
A higiene na maternidade, entre outros, é um dos fatores que distinguem as granjas mais eficientes. A rotina dessa tarefa prescreve uma série de etapas que iniciam após o esvaziamento de uma sala de maternidade que será lavada e desinfetada. Antes da desinfecção é preciso ter ocorrido uma profunda limpeza dos restos de excrementos e alimentação. Isso inicia pela limpeza seca, com pá e vassoura imediatamente após a retirada dos animais. Na sequência procede-se a limpeza úmida com água sob pressão (no máximo três horas após a retirada dos animais), removendo todos os equipamentos móveis da sala. Esvaziam-se as calhas e fossas existentes. Depois se aplica detergente em toda a instalação.
Prescreve-se deixar a sala molhada por uma ou mais horas, após ter utilizado um detergente com a água. Depois, com auxílio de um lava jato de alta pressão (1500 a 2000 libras) retira-se a matéria orgânica que tenha se desprendido e deixa-se tudo secar. O desinfetante não irá atuar bem na presença de restos de matéria orgânica.
Autores atestam que nunca é possível compensar uma má limpeza com um excesso de desinfetante. Finalmente, após a sala secar, o ideal é que seja feita uma passagem com vassoura de fogo (lança-chamas), como medida auxiliar no controle de coccídeos e outros agentes patogênicos. Um cuidado adicional e importante deve ser o combate à sarna pela pulverização celas parideiras com produtos específicos.
Em resumo, é fundamental que, no momento da entrada das porcas, as instalações e equipamentos da maternidade tenham sido corretamente lavados, desinfetados, tendo passado por um período de vazio sanitário de no mínimo 72 horas. Após a limpeza das salas de parto, deve-se ter o cuidado de inspecionar cada bebedouro para uma correta vazão, que deve ser acima de 2,0 litros de água/minuto. Finalmente, é importante certificar-se de que todos os equipamentos e produtos necessários para o parto estejam disponíveis e limpos.
Em termos de conforto térmico, o objetivo nas salas de maternidade é oferecer dois ambientes distintos, com uma temperatura na faixa dos 18º – 20ºC para a porca (máxima de 24ºC) e mínima de 25ºC para os leitões.
Preparação da gaiola de parição
A cela parideira ideal necessita atender as demandas para uma máxima produção de leitões, com acomodação, segurança e conforto para a porca e seus 12 ou mais leitões. Na suinocultura intensiva ainda não é possível atender todas as necessidades que envolvem a porca, os leitões e o próprio funcionário da maternidade, porém, já estão surgindo opções com uma visão de abrigar animais com mais respeito ás suas necessidades.
Com o progresso genético as porcas atualmente são fisicamente maiores. Uma gaiola pequena prejudica o bem-estar da matriz e possibilita mais casos de esmagamento de leitões, porque é mais difícil para a porca deitar e levantar. Uma boa cela parideira deve permitir um fácil acesso às tetas pelos leitões, possibilitando ajustes ou regulagem de sua barra horizontal inferior. Uma característica importante é que o piso na metade traseira da porca não seja escorregadio. Também é importante que exista espaço suficiente para os leitões locomoverem-se ao redor da porca e que seu abrigo seja acolhedor, com lâmpada e/ou piso aquecido.
A gaiola de parição deve estar preparada na véspera da parição, com um tapete permeável atrás da porca, em especial nos pisos ripados, além de uma lâmpada infravermelha extra nas proximidades.
Necessariamente deve existir um refúgio dos leitões aquecido 30º à 32º C, no dia do parto. Quanto aos padrões de higiene as fezes frescas devem ser retiradas pela manhã e pela tarde, desde o dia da entrada da porca na maternidade, visando reduzir ao máximo a contaminação do ambiente.