Referente à reportagem “Matopiba está perto do limite, diz estudo”, publicada pelo jornal Valor Econômico, em 21/11/2016, que cita dados de uma análise da Agroicone, a organização apresenta os seguintes esclarecimentos:
– O documento elaborado pela Agroicone “A expansão da soja no Cerrado – Caminhos para ocupação territorial, uso do solo e produção sustentável”, que serve de pano de fundo para a reportagem, não afirma, em momento algum, que a região do Matopiba está perto do seu limite de expansão e que deve ser evitada pelos produtores;
– O documento da Agroicone também não apresenta informações financeiras sobre investimentos e preços de terra, bem como quaisquer recomendações neste sentido. Trata exclusivamente de uma análise técnica sobre áreas aptas para produção – pastagens e vegetação nativa – com o objetivo de indicar as áreas com alta e média aptidão para lavouras no Matopiba e no restante do Cerrado, o que também não foi tratado de forma adequada pela reportagem;
– O documento foi elaborado com base no estudo “Análise Geoespacial da Dinâmica das Culturas Anuais do Bioma Cerrado – 2000 a 2014”, feito pela Agrosatélite e publicado em 2015, o qual não foi citado pela reportagem. Além dessa fonte, utilizamos dados oficiais publicados pela Embrapa (Terraclass, 2014) e dados de pastagens gerados pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig – UFV);
– O estudo da Agrosatélite levantou dados georreferenciados sobre o Cerrado, incluindo o Matopiba, permitindo entender a dinâmica de ocupação agrícola e uso do solo entre 2000 e 2014, período de grande avanço da produção agrícola na região, com destaque para a soja; e mapeou a aptidão das áreas já convertidas e de vegetação nativa, visando apontar as melhores oportunidades (solo e clima), considerando restrições como altitude e declividade;
– A Agroicone cruzou os dados das fontes citadas acima e identificou 1,8 milhões de hectares de pastagens e 4,3 milhões de hectares de áreas com vegetação nativa com alta e média aptidão para produção e grãos no Mapitoba. Dessa forma, não é correto afirmar que a expansão na região é limitada a 2,8 milhões de hectares como destacado pela matéria.
No entendimento da Agroicone, organização referência na produção de conhecimento e pesquisas sobre o agronegócio brasileiro e global, é essencial qualificar de forma técnica e fundamentada o debate sobre a expansão da produção de grãos no Matopiba e no restante do Cerrado. Por essa razão, o documento busca contribuir justamente para este debate sobre a expansão planejada e sustentável da agricultura no bioma Cerrado.
Para regiões em grande expansão como o Matopiba, é importante definir sistemas de zoneamento que sinalizem as áreas com maior potencial produtivo. Em função dos eventos climáticos recentes e do histórico da região de passar por momentos de seca recorrentes, há a necessidade de se aprimorar e criar sistemas de gestão de riscos, os quais a maioria dos produtores ainda não possui.
A visão da Agroicone para o bioma Cerrado e, em particular, para o Matopiba é que a capacidade de expandir a produção de forma sustentável exige integrar gestão territorial estratégica, com um profundo planejamento de ocupação do uso do solo que considere fatores climáticos e integre adoção de tecnologias que levem a ganhos de produtividade. Dessa forma, a expansão da agricultura e o desenvolvimento de novos negócios permitirá o desenvolvimento da região e a valorização dos produtos e ativos do agro brasileiro.
A Agroicone não compartilha com o enfoque da reportagem e lamenta profundamente a repercussão que a matéria gerou para os produtores, as empresas e os empreendedores que acreditam e investem na região, os quais estão levando desenvolvimento, gerando empregos e dinamizando a economia do Matopiba.
Na verdade, esperamos contribuir com a expansão estratégica da produção sustentável da agricultura no Matopiba. Este é o objetivo central do documento da Agroicone, que pode ser acessado aqui.