O Primeiro Fórum de Bem Estar e Integração realizado pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), em parceria com a Associação Paranaense de Suinocultores (APS) e Sebrae Nacional, reuniu mais de 100 produtores e profissionais do setor na cidade de Toledo (PR), localizada a cerca de 500 Km de Curitiba, nesta quinta-feira (16). Focado nas características da atividade suinícola no estado, mas sem deixar de lado experiências em âmbito nacional e internacional, o Fórum foi marcado pela forte participação do público no debate.
Apontar caminhos para a profissionalização da suinocultura é o principal objetivo do Fórum que é mais uma ação educativa integrante do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS), ainda no primeiro semestre deste ano a ABCS promoverá o evento em outros estados, o próximo Fórum será no dia 06 de maio na cidade de Carazinho no Rio Grande Sul.
Segundo o presidente da APS, Jacir Dariva, a representatividade do setor no Fórum mostrou que a iniciativa foi muito bem acolhida pelos suinocultores. “A associação tem esse papel de despertar o interesse para assuntos que impactam a atividade e influenciam nos resultados da produção”, destacou.
Iniciado com palestra do médico veterinário e consultor da Integrall, Iuri Pinheiro, o primeiro painel do debate apresentou, além de técnicas de manejo relativas ao bem-estar animal, um panorama mundial das legislações em torno do assunto, pontuando como a União Europeia, Estados Unidos, Canadá e outros importantes países produtores de carne suína tratam a questão. O pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Osmar Dalla Costa, que participou das discussões do painel, destacou ainda que a suinocultura baseada no bem-estar animal supõe a adoção de critérios e práticas em todas as suas fases, desde o nascimento até o abate.
O pesquisador esclareceu que embora exista no Brasil, atualmente, uma pressão muito forte em torno da gestação coletiva, as boas práticas abrangem muitos outros aspectos. Segundo ele, há uma série de medidas que proporcionam bem-estar animal e fazem com que o produtor atenda às exigências do mercado por estas normas, inclusive sem a necessidade de máquinas eletrônicas para alimentação ou grandes investimentos estruturais.
Integração
Ponto alto do debate, a futura Lei de Integração, um marco no setor que visa facilitar as relações contratuais entre criadores de suínos e indústria atraiu a atenção dos participantes, uma vez que no estado o modelo de produção integrado é predominante. O diretor executivo da ABCS, Nilo de Sá, falou sobre medidas previstas na lei que já podem ser adotadas para trazer segurança aos criadores, um exemplo disso, é a criação de Comissão de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (CADEC) em cada uma das unidades integradoras. Essa comissão já foi instituída em alguns estados e sua função é defender os interesses dos produtores na relação com a agroindústria.
Os suinocultores que participavam do evento relataram, na ocasião, as dificuldades enfrentadas nas relações com a agroindústria tais como remuneração defasada, qualidade de insumos, entre outros. Por outro lado, falta por parte dos criadores, em algumas regiões, clareza em relação aos componentes da planilha de custos e dados técnicos que embasem a negociação. “Os produtores precisam se organizar por meio das CADECs para que tenham condições de atuar junto à indústria e influenciar para que sejam definidas condições de produção, como metas, favoráveis à categoria e portanto possíveis de serem cumpridas”, explicou Nilo.
Para o suinocultor de Pato Branco (PR), Reny Gerardi de Lima “o Fórum veio abrir os olhos dos produtores para mudanças que virão pela frente”. “É importante fortalecer a cadeia em temas como a integração, principalmente aqui [Paraná] onde a maioria produz nesse modelo”, mencionou.
FNDS
O Fórum foi encerrado pelo presidente da ABCS que convocou os produtores paranaenses a integrarem o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS). Criado no final de 2014 para potencializar o trabalho do setor, o Fundo já representa mais de 170 mil matrizes, cerca de 10% do plantel nacional.
Inspirado na experiência americana do Pork Checkoff (Fundo de Desenvolvimento dos Estados Unidos), o fundo brasileiro já angariou o apoio de produtores de vários estados, além de contar com a aprovação da indústria. O objetivo da ABCS agora é estruturar o fundo, com o apoio direto do Sebrae Nacional, para que até 2017 o sistema esteja autossustentável para manter as ações no mercado interno, realizadas hoje por meio do PNDS.
O FNDS também levará auxílio técnico e especializado às CADECs constituídas para fortalecer e embasar a representação dos suinocultores junto à agroindústria, contribuindo para a segurança da cadeia suinícola através de um mercado mais equilibrado entre produtores independentes e integrados.
O Fórum mobilizou produtores rurais e entidades de representação como a Associação dos Criadores de Suínos da região Oeste do Paraná (Assuinoeste), Associação Municipal dos Suinocultores de Toledo, bem como do Sistema FAEP – Federação da Agricultura do Estado do Paraná, incluindo o Senar e o Sindicato Rural. Além disso, contou com o apoio do Município de Toledo, por meio da Secretaria de Agricultura. Na ocasião, a ABCS entregou aos presentes Revista Especial sobre bem-estar , além de outros materiais que orientarão o suinocultor.