A Pilgrim’s Pride Corp. PPC +0.68% , segunda maior processadora de aves nos Estados Unidos, pretende eliminar todos os antibióticos de 25% de sua produção de frangos até 2019, em comparação aos atuais cerca de 5%, segundo seu executivo-chefe.
A Pilgrim’s também trabalha para eliminar, em sua unidade de frangos, os antibióticos usados para combater doenças humanas, em resposta às preocupações cada vez maiores entre grupos de consumidores dos EUA e autoridades de saúde pública de que o uso excessivo dos produtos contribui para disseminar germes resistentes a drogas.
O plano da Pilgrim’s delineia um dos cronogramas mais agressivos entre as empresas americanas de frangos para reduzir o uso de antibióticos, evidenciando as pressões dos consumidores pela restrição dessas drogas, usadas amplamente em aves e gado desde os anos 50.
“Temos um plano, um plano bem definitivo, no qual até o fim de 2018, cerca de 25% de toda nossa produção vai estar livre de antibióticos”, disse Bill Lovette, o executivo-chefe da Pilgrim’s, em entrevista.
Lovette disse que a projeção é baseada nos compromissos com os atuais clientes e poderia ser elevada, caso mais restaurantes e empresas de alimentos venham a solicitar o fornecimento de frangos criados sem antibióticos à Pilgrim’s, cuja sede fica em Greeley, no Estado do Colorado.
Muitas grandes redes de restaurantes revelaram planos para restringir o uso de drogas nos produtos de seus fornecedores. Em 4 de março, o McDonald’s Corp. MCD +3.13% anunciou plano para, em dois anos, deixar de usar gradualmente nos EUA frangos criados com antibióticos que tenham importância médica.
Em 2014, a rede de lanchonetes Chick-fil-A Inc. – que tem a Pilgrim’s entre seus fornecedores de frango – comunicou que vai parar de vender frango criado com qualquer antibiótico ao longo de cinco anos.
Chipotle Mexican Grill Inc., CMG -7.41% Panera Bread Co. PNRA -1.23% e muitas outras redes menores adotaram medidas similares.
Frigoríficos de carne, pressionados a preencher a lacuna, instruíram suas fazendas fornecedoras a limitar a uso de antibióticos na ração e água do gado.
A Perdue Farms Inc., que processa cerca de 12,4 milhões de frangos por semana, eliminou todos os antibióticos de cerca da metade da produção que vende e estima que 95% de seus frangos nunca receberam nenhum antibiótico usado em humanos.
A Tyson Foods Inc., TSN +0.18% maior empresa de carnes dos EUA, anunciou ter reduzido o uso de antibiótico em mais de 84% desde 2011 e que no quarto trimestre de 2014 parou de usá-los em suas chocadeiras.
A pressão dos consumidores provocou mudanças mais rápidas no setor do que as autoridades reguladoras. Em 2013, a Agência de Remédios e Alimentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) pediu às empresas de carnes e remédios para acabar com a prática das fazendas de dar antibióticos aos animais para acelerar o crescimento, mas as diretrizes lhes permitem continuar usando as drogas para evitar doenças e tratar animais doentes.
“Estamos vendo um crescimento bastante forte nos produtos livres de antibióticos”, disse Wesley Batista, executivo-chefe do frigorífico brasileiro JBS SA, JBSAY +2.76% controladora da Pilgrim’s, em entrevista. “À medida que os consumidores e a população buscam mais disso, o setor precisa acompanhar.”
Lovette, da Pilgrim’s, disse que a empresa investiu em probióticos – substâncias com bactérias benéficas aos sistemas digestivos – e medidas de biossegurança para ajudar a reduzir a dependência em relação aos antibióticos na prevenção a doenças. A Pilgrim’s espera superar o ritmo do setor de frangos como um todo na passagem para uma produção livre de antibióticos ao longo dos próximos três anos, segundo o executivo-chefe.