Quando a agricultura de precisão chegou, sua premissa básica era utilizar a tecnologia da informação para melhorar a vida daqueles que trabalhavam no campo. Na teoria, a técnica reunia sistemas que deixavam máquinas mais “inteligentes” – como piloto automático, guias visuais e controladores de dosagem.
Mas hoje, por exemplo, já existem tecnologias capazes de controlar os gastos de combustíveis dos caminhões que fazem o transporte dos produtos, calcular quantidades exatas de aplicações no campo, dosar a quantidade de sementes, abrir covas na profundidade exata para a cultura e até avisar quando o trabalhador está parado.
No entanto, muitos desses serviços ainda pecam quando o assunto é interação. Por atuarem de forma independente, pode ficar difícil para o produtor conseguir extrair o melhor das tecnologias. E é com esse mote que a consultoria Accenture lançou o Precision Agriculture Services, um aplicativo que chega para “revolucionar a agricultura de precisão”.
Para tentar entender o quão realmente inovador pode ser um sistema de precisão em pleno 2015, GLOBO RURAL foi convidada com exclusividade pela Accenture para conversar com os criadores do aplicativo. Segundo Eduardo Barros, diretor da consultoria, houve muita pesquisa durante todo o processo. “Para buscar soluções viáveis, trabalhamos com agrônomos, especialistas e pessoas que entendem e vivem o negócio. Também conversamos com fazendeiros para entender as suas necessidades”, diz.
Segundo a equipe técnica responsável pelo desenvolvimento da plataforma, os agricultores poderão tomar decisões operacionais baseados em dados analisados pelo sistema. “Nós queríamos criar um conteúdo de qualidade com uma linguagem mais fácil, porque o produtor não quer muito enfeite, só quer saber o que precisa fazer com sua fazenda quando acorda”, diz Eduardo.
Para o diretor, o indiano Ankur Mathur, é preciso saber lidar com o produtor rural. “A geração mais antiga não gosta de receber ordens de aplicativos e tecnologias. Então temos que saber fazer essa transição. O ideal – e principal fator que busco no sistema – é mostrar a capacidade de acertos do programa. Se conseguirmos mostrar com simplicidade a qualidade do nosso produto, acho que estaremos no caminho certo”, diz o engenheiro.
Como funciona?
A proposta principal do Accenture Precision Agriculture Service é ser capaz de gerar dados em tempo real para os usuários. Durante a exibição, os representantes mostraram que no aplicativo é possível checar produtividade, ações climáticas, qualidade do solo, eficiência de agrotóxicos apenas olhando a tela do tablet.
Para isso, a empresa afirma trabalhar com uma variedade de fontes. “São sensores ambientais no campo, imagens de satélite, mais sensores localizados em equipamentos, dados de previsão de clima em tempo real e um amplo bancos de dados de solo”, conta Eduardo.
A solução também pode ser conectada ao sistema de gerenciamento central do plantio, permitindo programar automaticamente máquinas e priorizar os trabalhos dos colaboradores. Segundo a equipe, toda essa sinergia entre serviços será capaz de dobrar o lucro da propriedade. “Dependendo da cultura, os ganhos podem ser entre USD$ 55 a USD$ 110 por acre”, afirma Ankhur.
Quando chega?
Os representantes da Accenture ainda estão procurando parcerias. Nessa fase, os consultores têm entrado em contato com fazendas e empresas (confidenciais) para testar o aplicativo em suas produções. Porém, a Accenture afirma que o Precision Agriculture Service ainda deve demorar um pouco, “sem data confirmada”, até chegar às mãos dos interessados.