O Brasil está embarcando 53% mais soja em grão — seu produto mais exportado neste momento –, porém arrecada 11% menos dólares do que nesta mesma época do ano passado, mostra estudo da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), baseado nos dados oficiais de exportação. A comparação usa como ponto de partida as estatísticas das três primeiras semanas deste mês, que são comparadas com as de julho de 2014.
Tamanho movimento nos portos permitiu ao país remeter ao exterior 5,21 milhões de toneladas de soja em grão neste mês (400 mil ou sete navios carregados ao dia). No mês passado, a movimentação foi ainda maior. Mesmo com recuo de 15% ante junho, o ritmo atual é considerado alto para um período de entressafra.
Essa movimentação rende menos dólares porque o preço médio da soja em grão no mercado global caiu 27% em relação a julho de 2014 (de US$ 521,4/t para US$ 380,6/t), avalia Tânia Moreira, economista do Departamento Técnico da Faep. A melhora nas condições climáticas após período de excesso de chuva nos Estados Unidos pode derrubar o preço da oleaginosa a patamares abaixo da barreira de US$ 10 por bushel em março de 2016, época da próxima colheita sul-americana, aponta.
Mais barata em dólar, a soja tem menos força enquanto alicerce da balança comercial brasileira. Ou seja, fica mais difícil o agronegócio evitar déficit como vinha acontecendo na década passada.
Cotações cruzadas
R$ 2,22 por dólar
Essa era a cotação do real em julho do ano passado. Agora, com a moeda norte-americana valendo R$ 3,17, a soja sobe no mercado brasileiro mesmo com recuo de 27% nos preços do mercado global.
R$ 70 por saca
Esse valor equivale a US$ 10/bushel, considerando o câmbio atual. A comparação se torna ponto chave para o agronegócio do Brasil, porque é essa a cotação que está sendo cogitada para março de 2016, época da colheita sul-americana.
R$ 15 a menos
estariam sendo pagos pela saca se soja no Paraná neste momento se a cotação do dólar fosse a mesma de julho de 2014. Isso derrubaria o preço ao produtor de R$ 63 para R$ 48, valor que mal cobre os custos. Por isso o risco de desvalorização da moeda norte-americana diante do real representa prejuízo para estados como Mato Grosso, que têm margens menores pelas desvantagens logísticas.