O município de Itapiranga, localizado no Oeste de Santa Catarina, deve receber uma central de geração de energia de até 400 kilowatts (kW), que será abastecida pelo biogás produzido em 12 propriedades de criação de suínos. A iniciativa atende a Chamada n° 014/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) .
Em dez das propriedades que fazem parte do projeto já existem biodigestores para tratamento dos dejetos e produção de biogás, nas demais, a implantação dos sistemas de biodigestão também será objeto de estudos, buscando mais eficiência no processamento dos resíduos para a obtenção de um biogás de qualidade sob o aspecto energético.
De acordo com o Gerente da Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento da Eletrosul, Dalvir Maguerroski, o projeto busca criar condições para o desenvolvimento de base e infraestrutura técnica e tecnológica para inserção da geração de energia elétrica a partir do biogás na matriz energética nacional. Além disso, as vantagens ambientais e econômicos são evidentes:
“Os benefícios ambientais é a própria instalação de biodigestores já é um grande ganho, ou seja, um grande ganho do ponto de vista ambiental; e o aproveitamento desse biogás traz um benefício econômico-financeiro direto para, digamos, os participes desse condomínio que poderão em um primeiro instante compensar em seus gastos de energia ou consumo de energia elétrica; e também poderá a longo prazo abrir oportunidades de negócios a partir do biogás gerado. Esse projeto se assemelha ao de Ajuricaba – projeto que a FPTI encaminhou no Paraná. Mas ele possui alguns ingredientes adicionais que é questão da nacionalização da tecnologia, a questão da sustentabilidade – que é criar um arranjo sustentável – e a questão ambiental. E o legado dele é deixar caminhos para que outras comunidades semelhantes possam seguir uma vez que todo conhecimento gerado é de domínio público”.
Ao todo, o projeto terá um investimento previsto de cerca de 10 milhões, durante os próximos três anos e será desenvolvido pela Eletrosul em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Fundação Certi (CERTI), Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (Itai), Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa). Além da construção da central de energia, também haverá investimentos na pesquisa para identificação da melhor alternativa técnica de canalização do biogás das propriedades até a central geradora, análise de pós tratamento da biomassa, estudos de saturação do solo e outras vertentes
“Em princípio, até em atendimento ao edital da Aneel, o primeiro é a viabilidade de geração elétrica, ou seja, injeção na rede da distribuidora local, então já é um ganho; tem a questão da comercialização do biogás direto a outros consumidores ou a eles próprios; e digamos assim, uma vez que você tem energia, em termos nos dias de hoje representa como se fosse um dinheiro podendo ser criadas oportunidades de negócios a partir desta energia. Hoje, aproveitando a experiência da FPTI que é um parceiro no projeto, é uma das premissas do projeto ter uma instituição aqui em SC que é a fundação CERTI, que a principal função dela no projeto é o estudo da viabilidade econômica e estudo de modelo de negócio. Estamos no meio da pesquisa onde nós estamos avaliando e estudando todos os cenários do ponto de vista de dar uma sustentabilidade. No final do projeto a gente vai apontar caminhos e possíveis negócios para que esta comunidade se sustente a partir do biogás gerado”.
A chamada nº 0014 da Aneel – Projeto Estratégico: “Arranjos Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração de Energia Elétrica a partir de Biogás oriundo de Resíduos e Efluentes Líquidos na Matriz Energética Brasileira” foi lançada em julho de 2012. Para outras informações sobre o projeto, acesse: www.eletrosul.gov.br