Nos últimos 40 anos, o Brasil passou de importador de produtos básicos para um dos maiores fornecedores de alimentos, carnes, fibras e biocombustíves do mundo. Se hoje somos uma potência agro, essa transformação se deu através da adoção de novas tecnologias pelos produtores brasileiros. Buscando mostrar a importância da propriedade intelectual no setor de defeniívos agrícolas, a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) participa do Congresso Anual da ABPI, evento internacional que acontece no Rio de Janeiro, entre os dias 10 e 14 de outubro.
O evento visa discutir a propriedade intelectual como fator de desenvolvimento econômico do país e chega à sua 35a. edição em 2015. Referência na área de propriedade intelectual, o Congresso deve reunir neste ano mais de 1000 especialistas de todo o mundo. A Andef terá um estande próprio no local, onde serão mostrados a história da evolução do agronegócio brasileiro através da tecnologia e os desafios da indústria de defensivos no Brasil.
“Para que os produtores tenham à disposição produtos confiáveis e eficientes no combate às pragas, as indústrias investem bilhões de dólares todos os anos em pesquisa e desenvolvimento de novas moléculas”,afirma Roberto Santanna, consultor jurídico da Andef e um dos palestrantes do evento. Segundo ele, o setor de defensivos é um dos que mais investem em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos – estima-se até 5% do faturamento das indústrias. “Esse investimento é fundamental, já que o desenvolvimento de um novo defensivo agrícola, desde a pesquisa até a fase de comercialização, leva até 10 anos e custa em média 250 milhões de dólares”.
“Defender a propriedade intelectual no setor de defensivos agrícolas é fundamental para garantir o futuro da alimentação em nosso planeta”, diz Roberto Santanna, lembrando que a população mundial tem crescido rapidamente e seguirá avançando nas próximas décadas. Os números não deixam dúvida disso. Se há dois séculos a Terra tinha menos de um bilhão de habitantes, atualmente nosso planeta abriga mais de sete bilhões de pessoas. De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (Fao-Onu), até 2050 seremos 9.3 bilhões. Um acréscimo de mais de dois bilhões de pessoas, ou quase 10 vezes a população do Brasil, que precisará ser alimentada.
Diante desse cenário, a pergunta que fica é: de onde virá esse alimento extra, já que as terras agricultáveis são finitas? Para a Fao, a resposta é óbvia. Esse ganho de produtividade só se dará através do uso da tecnologia no campo. Nas últimas décadas, graças ao uso de novos implementos, a produtividade nas lavouras aumentou substancialmente, o que permitiu a retirada de milhões de pessoas da situação de fome em várias partes do mundo.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mostram que a produtividade média nas lavouras brasileiras saltou de 1.2 tonelada por hectare, na safra 1976/77, para quase 3.5 toneladas, na safra 2014/15. No caso de algumas culturas, como o milho, o avanço foi ainda mais expressivo: de 1.6 tonelada/ha em 1977 para 4.9 toneladas por hectare em 2015.
Mas ainda existe muito espaço para o crescimento do agronegócio brasileiro. A Fao-Onu projeta que o Brasil será o principal responsável pelo aumento da produção global de alimentos nas próximas décadas, respondendo por até 40% do acréscimo total. No entanto, nada disso acontecerá sem o uso das novas tecnologias que surgem a cada dia para auxiliar o trabalho do produtor rural brasileiro.