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Varejo Perde Vendas e Carnes Pressionam Inflação

Apesar da crise brasileira já comprometer os resultados econômicos do ano que vem, as expectativas para os produtores de carne são bastante positivas.

Varejo Perde Vendas e Carnes Pressionam Inflação

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na quinta-feira (12/11) a oitava queda consecutiva das vendas do varejo em 2015. No acumulado do ano as vendas já acumulam queda de 6,8%, com maiores quedas nos setores de móveis e eletrodomésticos, 17,9%; vestuário e calçados, 12,9%; combustíveis e lubrificantes, 8,7%; e produtos alimentícios, com queda de 2,2% nas vendas. Apesar de um tombo menor que outros setores, é justamente o setor de alimentos que pressionará fortemente a inflação em 2016, graças ao aquecimento das exportações de carne bovina estimuladas tanto pela desvalorização do real como pela queda do embargo à carne brasileira em importantes mercados consumidores.

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a inflação da carne acumulou alta de 6,39% para carne bovina e 7,53% para carne suína apenas no período de maio a outubro, com previsão de aumento na pressão inflacionária da carne bovina para 2016 em virtude do aquecimento nas vendas externas. A expectativa é que em 2016 as exportações brasileiras de carne suína superem o recorde de 7,2 bilhões de dólares alcançados em 2014 com aumento dos embarques de carne in natura para China, Estados Unidos e Arábia Saudita, que na última segunda-feira (09) anunciou o fim do embargo à carne brasileira.

No acumulado até outubro, das exportações brasileiras de carne bovina somaram 1,1 milhão de toneladas e 4,8 bilhões de dólares, conforme divulgou quarta-feira (11/11) a Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carne (ABIEC). Esse resultado representa uma queda de 11% no volume e 18% em faturamento quando comparado com o mesmo período do ano passado, mas as expectativas do setor são de expressiva melhora nas vendas de 2016 em função da abertura de novos mercados e da forte desvalorização da moeda brasileira que vai estimular o comércio internacional em favor da carne bovina brasileira. No entanto, o que é notícia boa para uns é fonte de preocupação para o governo, que já prevê inflação acima da meta também em 2016.

Já as exportações de carne suína cresceram 5,3% em 2015 segundo os dados de comércio externo divulgados na quinta (12/11) pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Em outubro, o total exportado foi de 51,5 mil toneladas de carne suína, e no acumulado do ano o volume embarcado para o exterior chegou a 444,9 mil toneladas. Apesar do aumento na quantidade comercializada, a receita caiu 21% em 2015, totalizando até o momento 1,065 bilhão de dólares, devido à queda do preço internacional da carne suína, que em 2014 foi recorde sobretudo devido aos problemas sanitários do maior exportador mundial, os Estados Unidos.

Enfim, apesar da crise brasileira já comprometer os resultados econômicos do ano que vem, com queda expressiva do PIB pelo segundo ano consecutivo e aumento da pressão inflacionária mesmo com a queda das vendas do varejo, as expectativas para os produtores de carne são bastante positivas. Para carne bovina é promissor o aumento das vendas externas em virtude da queda de embargos e ao câmbio favorável, e para carne suína, é novamente favorável o cenário no mercado doméstico, onde a pressão de preço da carne vermelha e a economia ainda em crise estimularão o consumo de proteínas mais baratas.