Suínos criados em pastos, ao ar livre, estão ganhando espaço no mercado de carnes nos Estados Unidos. A tendência deve-se à crescente preocupação dos consumidores com as condições em que os animais são criados.
Michael Yezzi, um advogado que virou fazendeiro, é um dos novos empresários deste segmento da suinocultura. Sua fazenda fica a cerca de 20 km a leste de Saratoga Springs.
Nas últimas cinco décadas, encontrar porcos nos pastos da região da era quase tão raro quanto encontrar um dente de galinha. Mas a fazenda de Yezzi mudou o cenário, em contraste com os celeiros de confinamento que funcionam como ambientes industriais de grande escala.
O produtor vende de 900 a 1 mil porcos para frigoríficos por ano a partir de seu próprio rebanho e os de outros agricultores da área, e diz que ele poderia elevar seu preço porque a demanda é forte.
“Fico em constante estado de pânico por não saber se vou ter o suficiente para suprir o que as pessoas querem”, ele disse.
Nem o Departamento de Agricultura dos EUA nem o Conselho Nacional de Produtores de Suínos tem dados sobre o número de suínos de pasto, no entanto, em 2006, uma pesquisa feita na Universidade Estadual de Iowa estimou que o número seria de 500 mil a 750 mil.
Certificação. Vários fatores estão impulsionando o apetite por carne de porco criado em pasto, segundo os especialistas do setor. Os consumidores estão cada vez mais conscientes e preocupados com as condições em que o gado é criado, e um pouco mais dispostos a pagar preços mais altos para a carne certificada, proveniente de áreas onde os animais são criados em ‘condições mais humanas’.
Grandes empresas de alimentos, como o McDonald’s, Oscar Mayer e Safeway, prometeram parar de vender carne de suínos criados em confinamento ao longo da próxima década.
Smithfield Farms, um maiores processadoras de carne de porco, anunciou este mês que está encorajando todos os fornecedores a adotar métodos de criação que reservam áreas mais espaçosas para os animais, para que eles possam viver confortavelmente com seus parentes e com espaço para passear.
A cadeia de restaurantes Chipotle e alguns chefs de destaque no país, como Dan Barber e Bill Telepan, ambos com restaurantes em Manhattan, começaram a usar carnes de animais que eram ‘humanamente’ produzida.Whole Foods e Trader Joe garantem que só compram carne certificada dentro do conceito de ‘comércio justo.
“Nenhum chef pode abrir um restaurante hoje em dia sem antes considerar seriamente de onde virão os produtos que vai preparar, inclusive os legumes ou os porquinhos” , disse Nick Anderer, chef executivo do Maialino, um restaurante no Hospitality Group Union Square.
Maialino vende carne de leitões novos, onde o conceito é ainda mais valorizado. Seu menu pode apresentar coisas como meia cabeça de porco com saladas e salsichas feitas com a guarnição e miudezas de porco.
Desvantagem – Mas vender o porco inteiro ainda é um mercado difícil para os pequenos criadores de suínos criados no pasto. Os produtores de suínos confinados trabalham com vantagem no mercado, especialmente nas exportações.
Por mais que os consumidores garantam preferir carne de animais criados de forma mais humana, eles ainda resistem a pagar preços mais elevados para os suínos criados em pastagem.
“Você tem que ter um cliente ou um negócio em mente quando você entra neste mercado”, disse Andrew Gunther, diretor do programa de Bem-Estar Animal, que certifica porcos e outros animais que são criados em padrões de bem-estar.
“Você não pode simplesmente criar porcos e achar que as pessoas vão preferir comprá-los”, afirma ele.
Outro obstáculo é a escassez de matadouros independentes para suínos. Essas instalações produzem quase que exclusivamente por grandes empresas que trabalham verticalmente integradas, como a Smithfield e a Tyson .
Demanda – Mas ainda assim há suinocultores se movendo em direção ao novo modelo de produção. O empresário Paul Willis recruta agricultores em todo o país que concordam em criar porcos de acordo com seus padrões, com o selo Niman. Ele abate porcos de cerca de 500 produtores sob sua marca .
Willis estima que mais de metade dos porcos criados em pastos nos Estados Unidos estão no sistema Niman, que fornece para restaurantes da rede Chipotle e outros. “Poderíamos vender 20% mais, se tivévessos capacidade para produzir”, disse Willis.
“Esta forma de criação de suínos ainda é uma parte muito pequena do negócio – 400 mil porcos são mortos a cada dia e nós podemos fornecer apenas 3 mil por semana.