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Comentário Suíno

Manejo nutricional de matrizes suínas gestantes: Parte II - por Márcio Gonçalves

O consumo de aminoácidos é provavelmente mais importante que o consumo de energia para aumentar o peso do leitão ao nascimento.

Manejo nutricional de matrizes suínas gestantes: Parte II - por Márcio Gonçalves

Baseado em revisão de literatura recente, que pode ser encontrada clicando aqui, concluiu-se que o consumo de aminoácidos é provavelmente mais importante que o consumo de energia para aumentar o peso do leitão ao nascimento.
Na formulação de dietas para suínos, dois conceitos são importantes: o conceito de aminoácidos digestíveis e o de proteína ideal. O conceito de Aminoácidos Digestíveis leva em consideração as diferenças de digestibilidade entre os diferentes ingredientes. Por exemplo, o coeficiente de digestibilidade de lisina no milho, no farelo de soja e no farelo de trigo são 74, 89 e 78%, respectivamente.  Portanto, diferentes ingredientes possuem diferentes coeficientes de digestibilidade. Dessa forma o uso do conceito de Aminoácidos Digestíveis gera uma formulação de ração mais precisa, trazendo benefícios econômicos. O outro conceito extremamente importante, que começou a ser utilizado no final da década de 1980, é o de “Proteína ideal” – o qual sugere que todos os outros aminoácidos devem ser formulados em relação à lisina que, normalmente, é o primeiro aminoácido limitante em rações de suínos.
O consumo de aminoácidos da matriz é manipulado principalmente pela formulação da dieta e não tanto pelo consumo de ração. Portanto, vale ressaltar que a tradicional prática de aumentar o fornecimento de ração no terço final da gestação das matrizes gera um aumento não só no consumo de aminoácidos, mas também no consumo de energia.

Na publicação do National Research Council (NRC) de 2012 sobre exigências dos suínos, foi introduzido o conceito dos seis pools de proteína da matriz gestante, que representam a deposição de proteína no complexo mamário, no útero, nos fetos, na placenta e fluídos, na matriz, e a deposição de proteína dependente da fase de gestação. No entanto, a literatura relacionada com a nutrição de matrizes gestantes é extremamente escassa, quando comparada com a literatura relacionada com a nutrição de leitões de creche e terminação. Além disso, os experimentos utilizados na modelagem do NRC (2012) para determinação de exigência de lisina foram realizados décadas atrás e com fêmeas de baixa prolificidade.
Em um experimento recente, realizado na Ásia, observou-se que o peso do leitão ao nascimento foi maximizado com a utilização de 0.59% de lisina digestível na dieta de gestação, níveis abaixo do mesmo apresentaram pesos dos leitões ao nascimento mais baixos e níveis de lisina digestíveis acima de 0.59% não apresentaram benefícios ao peso do leitão ao nascimento neste experimento.
O advento do uso de alimentação eletrônica de matrizes (ESF, Electronic Sow Feeding) tem proporcionado grandes oportunidades do ponto de vista de pesquisa na área de nutrição de matrizes gestantes, pois é possível aplicar diversos tratamentos e obter um tamanho amostral alto com custo relativamente baixo. Portanto, nos próximos anos serão realizados experimentos para a determinação da influência da lisina e da energia sobre o peso dos leitões ao nascimento em fêmeas hiperprolíficas em granjas comerciais.
É bem conhecido o fato de que a exigência de aminoácidos da matriz gestante aumenta drasticamente no terço final da gestação. Do ponto de vista prático para granjas de pequeno e médio porte, deve ser considerado o fornecimento de ração de lactação no final da gestação de matrizes suínas em granjas que possuem esta flexibilidade. Como a concentração de lisina é consideravelmente mais alta em rações de lactação do que de gestação, esta pode ser uma alternativa para fazer com que a matriz tenha uma ingestão maior de lisina por dia sem aumentar a quantidade de energia consumida. Uma abordagem prática para granjas de grande porte, com diversos galpões de gestação, é a formulação de 2 dietas de gestação, uma com baixo e outra com alto nível de aminoácidos.  Esta prática tem sido altamente recomendada e pode proporcionar redução de custo com ração otimizando a nutrição das matrizes.
De forma geral, deve ser tomada cautela visto que há pouca evidência confirmando dados modelados, onde foram utilizadas matrizes com baixo desempenho reprodutivo. No entanto, se observa bons desempenhos em condições de campo sob diferentes programas nutricionais.
Maiores informações sobre nutrição de matrizes gestantes, com um detalhamento sobre a exigência de outros aminoácidos podem ser acessadas aqui.

Confira a primeira parte do artigo aqui.