Os problemas climáticos que assolam o Centro-Sul do país devem causar quebras em todas as áreas de atuação da Coamo, maior cooperativa agrícola da América Latina, com sede em Campo Mourão (PR) e atividades também em Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. “Essas perdas, porém, não podem ser avaliadas agora, porque a cada dia que não chove essa quebra aumenta”, disse José Aroldo Gallassini, presidente da Coamo, em entrevista ao Valor na sexta-feira.
De acordo com Gallassini, os cooperados enfrentavam dificuldades com a baixa umidade havia pelo menos 20 dias. O excesso de calor foi um ingrediente adicional de preocupação. “A soja aguenta bem até 33ºC ou 34ºC. Acima disso, acontece um fenômeno chamado de ‘escaldadura’, que ‘cozinha’ a soja no pé. E enfrentamos temperaturas muito próximas de 40ºC nos últimos dias”, afirmou.
Apesar do temor com a redução no volume colhido, o presidente da Coamo acredita que o faturamento deve se manter. Esperava-se um aumento na produção da cooperativa este ano que, se não vier, pode deixar a receita em nível próximo à de 2013. “A soja plantada entre o fim de setembro e início de outubro está com boa colheita. O que foi semeado de meados de outubro para frente está sofrendo mais”, disse Gallassini. As lavouras da primeira safra de milho “praticamente não foram afetadas”.
A expectativa da Coamo é de uma produção total de 7,2 milhões de toneladas de grãos na atual temporada (2013/14), somadas as safras de inverno e de verão.
Na sexta-feira passada, a Coamo anunciou a distribuição de sobras (lucros) de R$ 519,7 milhões a seus cooperados, referentes ao exercício de 2013. O montante é 15% superior ao do ano anterior. A receita da cooperativa totalizou R$ 8,175 bilhões em 2013, incremento de 14,3% em relação a 2012.
O faturamento foi o maior já registrado pela cooperativa em seus 43 anos de operação. Para Gallassini, as condições do mercado de grãos em 2013 foram bastante favoráveis. “Tivemos uma safra de verão recorde com preços bons, o que é uma combinação rara. A segunda safra de milho também foi recorde, mesmo com os problemas provocados pelo clima adverso na colheita”, afirmou.
José Aroldo Gallassini informou que pelo menos R$ 300 milhões, dos R$ 465 milhões de investimentos aprovados em 2013, já foram aplicados pela cooperativa.