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Exportação

Rússia barra importação de carne suína da Europa e importadores brasileiros poderão ser beneficiados

Barreira foi imposta devido a focos de peste suína africana em alguns países da Europa.

Rússia barra importação de carne suína da Europa e importadores brasileiros poderão ser beneficiados

As fronteiras abertas no interior da Europa prejudicaram as relações entre os exportadores e compradores de carne suína: devido aos focos de peste suína africana em alguns países da Europa, a Rússia proibiu a importação de carne de porco de todo o território da União Europeia. Como alternativa, a Rússia pode aumentar os volumes de importação do Brasil e dos EUA.

“Relativamente à carne de porco brasileira, vamos receber a documentação na segunda quinzena de fevereiro, para depois levantar o embargo. Também termina em fevereiro o embargo para as empresas de Peru, que iremos a partir de agora monitorar e acompanhar”, disse Serguêi Dankvert, diretor da Rosselkhoznadzor (Agência Russa de Controlo Veterinário e Fitossanitário).

A proibição entrou em vigor no último dia 6. De acordo com o representante oficial da Rosselkhoznadzor, Aleksêi Alekséienko, a proibição afetará tanto a matéria-prima como os seus derivados. No entanto, a importação dos produtos que passaram por um extenso tratamento térmico e têm garantias de controle veterinário dos dos órgãos oficiais da União Europeia será permitida. A causa principal do embargo foi a epidemia de peste suína africana e a abertura das fronteiras dos países da União Europeia.

As novas regras também afetarão a carne destinada à produção de alimentos para animais. O embargo permanecerá até que a União Europeia defina as áreas seguras onde não existem agentes biológicos da peste suína e prepare os certificados de qualidade. De acordo com especialistas, isso levará alguns meses.

Europa aumentará o controle

Não existem meios eficazes para prevenir a peste suína africana, e o tratamento dessa doença é proibido. Quando se localiza um foco, o único procedimento permitido é a eliminação de todos os animais doentes que se encontram num raio de 30 quilômetros do foco. “As exigências da Rosselkhoznadzor são justificadas. O mercado russo poderia receber carne de porco e derivados de qualidade duvidosa”, diz o analista do grupo FIBO, Vassíli Iakímkin.

De acordo com o presidente da Miratorg, o maior fabricante e importador de produtos de carne russo, Víktor Línnik, a situação atual é consequência da falta de medidas de proteção necessárias na União Europeia em 2007. Naquela época, os agentes biológicos da doença foram encontrados em suínos selvagens.

O diretor do comitê executivo da Associação Nacional de Carne, Serguêi Iúschin, explica que a situação atual é o resultado da recusa da União Europeia de realizar um programa conjunto com a Rússia para combater a doença.

De acordo com Dankvert, a União Europeia deve definir os países com risco de produzir carne infectada com a peste.

Demanda interna

O embargo à carne de porco europeia favorece os produtores domésticos, que estão enfrentando muitos problemas. De acordo com dados não-oficias, os preços internos aumentaram quase 15%. Mesmo com o aumento do volume da produção, eles ainda não podem satisfazer completamente a procura doméstica.

Na Rússia, a batalha contra a propagação da peste suína africana não é satisfatória. De acordo com a representante do portal “Meatinfo.ru”, Anna Evangueléieva, é até possível falar de uma epidemia. Durante os últimos nove meses, foram localizados 121 focos da doença. O que salva a Rússia são as condições climáticas duras: a doença ocorre de forma mais ativa durante o verão. De acordo com a Rosselkhoznadzor, durante os últimos sete anos a peste suína africana já matou mais de 900 mil porcos. Por causa da doença, o país perdeu cerca de US$ 1 bilhão.

A epidemia também provocou um aumento de risco de investimentos no setor nos últimos anos. De acordo com dados da União Nacional de Carne Suína, entre 2006 e 2012, o setor recebeu mais de US$ 8,7 bilhões de investimentos. No entanto, em setembro de 2012, quando os preços dos cereais caíram 80%, a situação mudou, e os preços de carne de porco também caíram 30%. “A redução da ajuda estatal para a proteção do mercado interno de carne devido a novas obrigações impostas pela Organização Mundial do Comércio e pela União Aduaneira piorou a situação ainda mais”, diz Iakímkin.

Todos esse fatores travaram a dinâmica do crescimento da produção interna. Em 1º de dezembro de 2013, o volume de mercado aumentou apenas 2,3%.