Levantamento estatístico da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) em 2013 aponta que o consumo de gás natural no País cresceu 17,8% em comparação com o ano anterior, aumentando a média diária de 57 milhões para 67,2 milhões m³. O crescimento foi puxado pelo segmento geração elétrica, que subiu 64,5% em relação a 2012, devido ao acionamento das térmicas para garantir a oferta de energia em virtude do nível dos reservatórios abaixo do esperado para o período e também do aumento no consumo de energia elétrica.
Sem considerar a geração elétrica, o consumo em 2013 registrou retração de 0,4%, ou seja, o mercado não térmico se manteve estável. “O mercado não térmico está altamente dependente do mercado térmico. O governo não está dando a devida atenção ao gás natural. Falta um planejamento integrado que dê incentivos e favoreça a equalização dos custos dos energéticos concorrentes. Enquanto isso, todo o planejamento da Petrobras aponta para maior dependência do mercado externo. É preciso incentivar novas fontes de oferta de gás natural no mercado nacional e também fundamental a antecipação da produção nos blocos licitados durante a 11ª e 12ª Rodadas da ANP, naturalmente, sempre respeitando a razoabilidade econômica dessa operação”, resume Augusto Salomon, presidente executivo da Abegás.
Ao longo de 2013 destacaram-se os segmentos residencial e comercial com crescimento de 9,2% e 4%, respectivamente. O número de consumidores residenciais subiu 8,6% e o de comerciais, 5,7%. Os dados refletem o investimento anual de R$ 1,5 bilhão em expansão das redes de distribuição feito pelas concessionárias. O volume distribuído para residências alcançou média diária de 1 milhão de m³, enquanto o comercial chegou a 747 mil m³.
Salomon ressalta que o gás natural compete em desvantagem com o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), que há mais de 10 anos recebe incentivos do Governo Federal. “Acredito que esse incentivo também prejudique o caixa da Petrobras”, apontou.
Já no setor automotivo, o desempenho recuou. Com 7,6% de participação no mercado contra 11,3% em 2012, o segmento registrou consumo de 5,1 milhões de m³/dia em 2013, representando redução de 3,67% em relação ao ano anterior.
“Apesar de apresentar benefícios como economia comprovada de até 53% em relação à gasolina, melhor rendimento por quilômetro rodado e menor emissão de poluentes, o GNV ainda é mal aproveitado, mais pela falta de políticas de incentivo do que pela aceitação do consumidor. Prova disso é que a Fiat comercializou 6.053 unidades do Siena tetrafuel em 2013, registrando a venda de 39.294 unidades do modelo desde o seu lançamento, em 2006. É importante o desenvolvimento de políticas públicas de incentivo ao segmento, como a desoneração tributária do gás natural veicular, dos equipamentos para conversão e também com incentivos para que outras montadoras, a exemplo da Fiat, produzam veículos tetrafuel ou triflex”, observa Salomon.