A longa estiagem que atingiu o País nos últimos meses e a queda no estoque nacional de milho fizeram com que os preços da commodity ganhassem um fôlego depois de sucessivas quedas registradas em 2013. Em fevereiro deste ano, o valor médio da saca do grão no Paraná fechou a R$ 20,98, contra R$ 19,47 registrado em janeiro e R$ 18,62 em dezembro de 2013.
A quebra de 100 mil toneladas de milho na safra de verão 2013/14 por causa da estiagem, agora estimada em 5,5 milhões de toneladas, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), reaqueceu o valor da commodity. No ano passado, o menor valor pago pelo milho foi registrado em outubro, quando o preço da saca chegou a R$ 17,26. Na época, segundo pesquisadores do Deral, os estoques estavam em alta, isso justificou a depreciação do valor do grão.
No período, o preço da saca de milho ficou abaixo do valor mínimo estimado para dar viabilidade à produção, que é de R$ 17,46 por saca. De acordo com Juliana Yagushi, engenheira agrônoma do Deral, aquele cenário desestimulou o produtor a investir na atividade. “A recuperação só começou no final do ano passado, quando houve uma queda na disponibilidade do produto”, relembra a pesquisadora.
Juliana destaca que a produção do milho segunda safra no ano passado foi muito alta no Paraná. Ao todo, o Estado produziu no ciclo 2012/13 10,19 milhões de toneladas, 3% a mais se comparado ao mesmo período do ano anterior. Entretanto, Juliana completa que já no primeiro semestre de 2013 o valor do grão começava a dar sinais de queda. Em março, por exemplo, a saca era comercializada a R$ 22,56. Já em abril, o valor da commodity caiu para R$ 19,50 a saca.
Com a falta de oferta o cenário mudou, e hoje os preços do grão se encontram em patamares bem mais atrativos. Na última sexta-feira, dia 7, a saca de milho no Paraná chegou a ser comercializada a R$ 23,81, índice muito comemorado pelos produtores. Contudo, muitos ainda estão desconfiados dessa alta. Olga Agulhon, por exemplo, agricultora na região de Maringá (Norte), não acredita que esses preços continuem no atual patamar. Segundo ela, geralmente o valor da commodity sobe nesta época do ano para incentivar os produtores a plantarem milho na segunda safra.
Com receio dessa instabilidade nos preços e temendo possíveis prejuízos na próxima safra de inverno, Olga deve substituir boa parte da área que plantaria milho por trigo. Na segunda safra do período 2012/13, Olga plantou 312 hectares de milho. Neste ano, a área destinada para o grão não deve passar de 168 hectares.