A parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e a Associação Brasileira das Empresas de Genética Suína (ABEGS) inaugurou, ontem, o setor de suínos da Estação Quarentenária do Mapa na Ilha de Cananeia (EQC), no interior de São Paulo, que será o único ponto de entrada de animais vivos importados pelas empresas de genética suína no país.
A unidade dificulta ainda mais a chegada de doenças exóticas no país, como a PEDv – que hoje causa grandes perdas nos EUA –, PRRS (síndrome reprodutiva e respiratória suína) e TGE (gastroenterite transmissível), para salva-guardar a biosseguridade do plantel suinícola brasileiro e evitar prejuízos econômicos e sociais para a cadeia produtiva.
A construção e a recuperação do setor de suínos da EQC foi viabilizada por meio de uma eficiente parceria entre o Mapa, a ABCS e a ABEGS. No total, apenas na área de suínos, foram investidos R$ 2 milhões para uma capacidade de até 500 animais simultaneamente.
“É uma parceria exemplar já que, depois do primeiro contato do Ministério, fomos prontamente atendidos pela ABEGS e, em cerca de um ano e meio, concluímos esta estrutura excelente. É uma conquista grande, pois temos ainda mais segurança para que todas estas doenças que atacam outros países não cheguem ao plantel brasileiro e possam prejudicar nossa suinocultura”, comentou o presidente da ABCS, Marcelo Lopes.
O primeiro lote de 95 suínos importados a usar as instalações tem previsão de chegada já no próximo dia 24 de abril. A diretora substituta do departamento de saúde animal do Mapa, Denise Euclydes da Costa, explicou que a EQC tem condições ideais para tornar desprezível o risco de disseminação de doenças trazidas por animais importados. “Esta parceria público privada traz esta certeza para a suinocultura brasileira graças as características que temos nesta unidade”, garantiu.
O representante da ABEGS, Daniel Bruxel, contou que a ABCS entrou em contato e a demanda foi prontamente atendida pela importância do projeto. “A ABEGS foi procurada pelo presidente da ABCS e todas as empresas de genética apoiaram prontamente. Foi uma decisão acertada, pois concentrar a importação em um só lugar com a supervisão do Ministério torna o processo mais seguro e eficiente”, analisou.
Visita na EQC
A excelência em biosseguridade do setor de suínos da EQC ocorre pela união de diversas características. A unidade do governo federal ocupa uma área isolada de 1,5 mil hectares no sul da Ilha de Cananeia dos quais 12 hectares são ocupados com as instalações e os demais, com vegetação preservada, servem de barreira natural.
“A EQC é a única estação quarentenária do Brasil e tem padrões de controle de biosseguridade para importação de animais entre os melhores do planeta. Aqui nós isolamos os animais importados e fazemos os testes para ter controle sanitário de alto rigor e, assim, evitar a transmissão de doenças internamente no país”, explica o chefe do serviço quarentenário de Cananéia, Odemilson Donizete Mossero.
O especialista acompanhou a delegação para apresentar o local e suas quatro áreas de segurança. Na área 1, logo na entrada da EQC, ficam situados auditórios, salas de reuniões, quartos para pesquisadores e tratadores, o prédio administrativo e uma cantina-restaurante.
Na área 2, estão localizados laboratórios e áreas de tráfego para pessoas e veículos autorizados. A partir da área 3, os funcionários e visitantes devem passar por um banho para desinfecção onde ficam o depósito de ração, o vestiário, a farmácia e a sala de auto-clave (esterilização de materiais), além do arcolúvio (aparato de limpeza e desinfecção dos veículos).
Já para a área 4, o acesso é ainda mais restrito e o visitante deve passar por outro banho de desinfecção e nova troca de roupa. Nesta parte da EQC estão situados os quatro galpões construídos pela parceria que têm capacidade para receber até 500 animais. “Se identificamos algum problema podemos desde isolar o animal até incinerá-lo, de acordo com a doença”, detalha.
Resposta a PEDv
A inauguração do setor de suínos da EQC eleva a proteção do status de biosseguridade nacional contra centenas de doenças, entre elas a PEDv que, atualmente, ataca plantéis dos EUA, Canadá, Peru e Colômbia e provoca grandes prejuízos aos produtores destes países.
Segundo especialistas, o surto da doença nos EUA trata-se de uma das epidemias mais violentas da história da suinocultura naquele país, que é o segundo maior produtor e principal exportador do planeta. Análises sorológicas indicam que cerca de 60% das matrizes estão contaminadas pelo vírus e estima-se que possam haver até 15% de queda na produção estadunidense.
A suinocultura brasileira mobiliza-se para evitar a chegada do vírus e deverá ter o nível máximo de rigor nos procedimentos de biosseguridade durante os próximos meses e, especialmente, com visitantes estrangeiros que queiram conhecer granjas de suínos durante a Copa.