Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Insumos

Setor de armazenagem precisa crescer para suprir déficit

Na tentativa de diminuir essa defasagem de armazenamento, que já foi estimada em 40 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Setor de armazenagem precisa crescer para suprir déficit

Consideradas o carro-chefe da Agrishow no ano passado, as empresas que fornecem equipamentos para armazéns e silos participaram da 21ª edição da feira com a expectativa de ver seus negócios impulsionados por investimentos para estimular a redução no déficit de armazenagem no Brasil.

Na tentativa de diminuir essa defasagem de armazenamento, que já foi estimada em 40 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o governo federal lançou, no ano passado, um programa de incentivo que deve distribuir R$ 25 bilhões aos produtores e cooperativas neste e nos próximos quatro anos.

Para as empresas do setor, os investimentos são cruciais para promover o aquecimento gradual deste nicho do segmento agrícola, mas esbarram em questões burocráticas. “A feira funciona como um termômetro para ver o quanto o mercado está movimentado. Acreditamos em um crescimento no fechamento dos negócios na faixa de 35%. Os incentivos ajudam bastante, mas o lado negativo tem sido a morosidade para a liberação desses recursos”, afirma Hamilton Pessetti, gerente comercial da Pagé, indústria de equipamentos para silos e armazenagem de Santa Catarina.

Além do entrave na liberação do benefício, o volume de investimentos é visto como insuficiente para atender às necessidades deste segmento no Brasil. “Com o crescimento que o País está tendo na agricultura, proporcionalmente vai reduzindo o déficit, mas os 40 milhões de toneladas vão se mantendo à medida que a safra também cresce”, diz Carlos Schimitt, gerente comercial da Kepler Weber, detentora de 50% dos sistemas de armazenagem do País.

Mesmo com uma possível quebra no período 2013/2014, o crescimento na produção de grãos está estimado em cerca de 10%. Na safra 2012/2013, esta taxa chegou a 13%. Uma alternativa que poderia contribuir no processo de redução do déficit seria voltar o foco para o armazenamento realizado nas próprias fazendas produtoras. Nos Estados Unidos, a taxa de propriedades que estocam seus grãos chega a 90%, mas no Brasil está muito abaixo de 15%.

“O valor da commodity é balizado pela Bolsa de Chicago. O custo de produção de lavoura está fixado e o ganho todo está na logística. Então, se conseguir armazenar o seu grão na própria fazenda, na hora que estabilizar [o escoamento], o produtor começa a entregar, sem filas. O pessoal colhe, não tem silo para armazenar, aí manda para a cooperativa ou trader e acaba pagando pelo caminhão mais caro, tudo mais caro. O ganho começa a encurtar nessa logística”, diz José Luiz Viscardi, diretor de vendas e marketing da GSI Brasil. “Esperamos que o governo mantenha esses investimentos até 2018, mas que, nessa data, ele possa fazer a extensão desse benefício. A agricultura só funciona com crédito”, afirma.

Neste cenário de defasagem, o silo-bolsa, um sistema de armazenamento feito a partir de sacos especiais e que pode conservar o grão por um período variável, que em alguns casos chega até seis meses, tem funcionado como uma alternativa para a falta de armazéns. De acordo com as empresas de silagem, as vantagens desta tecnologia estão relacionadas principalmente ao baixo investimento inicial e à facilidade de uso. Mas, por outro lado, este tipo de armazenamento pode não ser adequado por períodos longos e inclusive ficar sujeito a alguns tipos de intempéries.

Inovações

Tecnologias de armazenamento capazes de proporcionar mais segurança aos trabalhadores e na qualidade e cuidados com os grãos estocados também são apostas do mercado. A Kepler Weber levou para o evento a nova linha de secadores Khronos para grãos. O ar da secagem atravessa uma câmara de decantação para reter as partículas mais pesadas, que posteriormente podem ser ensacadas.

Outra novidade da empresa é o Sistema de Armazenagem Segura (SAS), que promove uma total automação do silo. “É o anjo da guarda do produto, monitora a temperatura e a umidade dos grãos por 24 horas e, por ter uma estação meteorológica própria, faz a autorregulagem dessas condições climáticas para garantir a qualidade dos grãos”, afirma Maurício Bruno, supervisor comercial da Kepler Weber.

Com foco na proteção dos trabalhadores que precisam entrar nos silos para destravar a rosca varredora que promove a limpeza de resíduos, a GSI criou um equipamento automatizado, à prova de paradas. Quando o sistema percebe que pode travar, ele faz com que a peça volte, se restabeleça e depois continue o trabalho.