O resultado de uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos em Agronegócios da ESPM, elaborada pelo Instituto IPESO, foi apresentada nesta segunda-feira (04/8) durante a realização do XIII Congresso Brasileiro do Agronegócio, em São Paulo (SP). O estudo, porém, provocou uma saia justa entre pesquisadores e cientistas políticos que participavam do painel.
José Luiz TejonMegido, da ESPM, e Victor Trujillo, do IPESO, apresentaram o estudo que aponta que 72% de 600 pessoas entrevistadas em cinco capitais brasileiras votariam em um candidato que apoiasse o agronegócio. No entanto, os cientistas políticos Bolívar Lamounier e Christian Lobauer contestaram os resultados do estudo, alegando que a pesquisa, apesar de trazer alguns números detalhados e especificar grupos de acordo com o conhecimento sobre o agronegócio, não abordou alguns temas polêmicos e essenciais para uma análise mais profunda do setor.
“A pesquisa não apresenta, por exemplo, opiniões sobre conflitos fundiários ou indígenas”, afirmou Lamounier. “Uma pesquisa excessivamente induzida que produziu respostas favoráveis ao agronegócio”, disse. O publicitário TejonMegidodisse que os cidadãos urbanos conhecem, sim, o agronegócio e, por isto, as opiniões são favoráveis.
Segundo Lamounier, historicamente, a sociedade brasileira é “anti-rural”, e essa antipatia vem de séculos passados. Ele até citou que a forte influência da Igreja na sociedade contribuiu bastante para criar essa imagem negativa, que perduraria até hoje. “Ser proprietário de terras ainda é, para muitas pessoas, um pecado”, disse.
Pesquisa
O estudo inédito apresentado nesta segunda-feira foi encomendado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e apontava que 72% dos eleitores de cinco capitais brasileiras (eleitores essencialmente de perfil urbano) votariam em um candidato que apoiasse o agronegócio.
A pesquisa entrevistou 600 pessoas, que foram divididas em quatro grupos: os agro-conscientes (37%), que são as pessoas que têm plena consciência da importância do setor para a economia e desenvolvimento nacional; os bio-urbanos (29%), que são aqueles que não acreditam na relevância do setor para o País; os agro-losts, que representam 21% do grupo e remetem às pessoas que não têm conhecimento algum sobre o agronegócio e, finalmente, os agro-indiferentes, um segmento que representa 13% dos entrevistados, que não são nem favoráveis nem contra o setor. “Essas pessoas são aquelas que sabem da existência do agronegócio, mas para eles, não faz a menor diferença. Se for para escolherem entre ter uma chácara e um apartamento na praia, optariam pelo segundo”, diz Victor Trujillo.
O estudo aponta, ainda, que 77,5% dos questionados disseram que o futuro Presidente do Brasil precisará dar mais atenção para questões que envolvem a produção de alimentos e que 70.5% entende que a oferta de alimentos dependerá da capacidade do presidente eleito em orientar e apoiar o agronegócio. “62,3% dos entrevistados afirmaram que o candidato que demonstra descaso com a cadeia produtiva não deveria ser eleito”, disse Tejon.