A projeção de crescimento do PIB brasileiro não deve superar 0,6% nesse ano, apesar da contribuição do agronegócio (até maio já avançou quase 3,5%), setor considerado o modelo de sucesso para gestão, inovação tecnológica e incremento da produtividade.
A perplexidade do empresariado inserido no labirinto econômico corrente vem pautando o debate dos candidatos às próximas eleições. É flagrante observar quanto a capacidade da indústria brasileira continua comprometida face ao minguado avanço de produtividade da mão de obra que tem se distanciado cada vez mais do vigoroso aumento dos salários reais e, em consequência, a contração da oferta continua turbinando os preços livres de produtos e serviços que corroem o poder de compra dos consumidores.
A SITUAÇÃO e sua base aliada já reconhecem alguns fracassos no comando do país e prometem um futuro melhor à sociedade, enquanto a campanha da OPOSIÇÃO aposta no engajamento do eleitorado à sua proposta de reformismo estrutural e retomada do cumprimento do tripé macroeconômico (superávit primário, câmbio flutuante e meta de inflação).
Os indicadores apontam para a alta no custo do capital, valorização do dólar e incremento nas transações comerciais, combinação circunstancial, que no médio prazo, pode redundar em cenário menos conturbado que o verificado até agora. Essa possibilidade é resultado do sufrágio, contextualizado à conjuntura econômica internacional atrelada à previsão de crescimento nos Estados Unidos em 2015, à leve melhora na Eurozona apoiada na economia alemã, e à China, com ritmo menos acelerado, embora ainda bastante superior às demais economias.
A compreensão exata da política econômica, no entanto, somente poderá ser desvendada depois de vários meses da posse, pois o desdobramento dependerá da continuidade do modelo econômico calcado no voluntarismo exagerado ou alternativamente modulado por política sólida e previsível, e independentemente do presidente eleito, é provável que no curto prazo a alavanca do crescimento ainda seja apoiada no mercado doméstico e os investimentos nos recursos naturais.
Contudo, a ausência da hipotética e decisiva guinada em direção às necessárias reformas, manterá as atuais limitações ainda sustentadas na inflação e pressão fiscal, baixa competitividade e infraestrutura deficiente, inércia da produtividade e elevação do custo, ineficiência pública e regulação inadequada, insegurança jurídica e extemporânea diplomacia comercial internacional.
É possível inferir que no caso de reeleição, a perspectiva tende para queda dos ativos em bolsa de valores e para alta do dólar, enquanto que o sucesso da oposição pode determinar ingresso de mais dólares para compra de ativos baratos e valorização da moeda local.
Em resumo, parafraseando o escritor britânico Samuel Butler: “Uma coisa é certa, que é o fato de não podermos dar nada por certo; sendo assim, não é certo que não podemos dar nada por certo”.
Gabriel Zani/FFLCH/USP colaborou no artigo